O
presidente Jair Bolsonaro (PL) evocou mais uma vez a "guerra do bem contra
o mal" e expurgou "as dores do socialismo" na maior
das Marchas para Jesus do país, a de São Paulo. "Temos uma posição
aqui: somos contra o aborto, contra a ideologia de gênero, contra a liberação
das drogas e somos defensores da família brasileira", disse o
pre-candidato à reeleição neste sábado (8), no trio principal do evento.
Após
ver uma multidão ajoelhada nas ruas do centro paulistano, Bolsonaro clamou pela
maioria cristã do país. "Somos a maioria do país, a maioria do bem, e
nessa guerra do bem contra o mal o bem vencerá outra vez."
Em
seguida, o presidente alertou os fiéis sobre um suposto risco de o Brasil virar
uma nação pintada de vermelho socialista. "Que nosso povo não experimente
as dores do socialismo", afirmou, pedindo que as pessoas olhassem ao redor
da América do Sul. Citou Venezuela e também países que, nos últimos anos,
elegeram líderes de esquerda: Argentina, Chile e Colômbia. "Não queremos
isso para o nosso Brasil."
"Estamos
aqui para declarar que Jesus Cristo é o Senhor de São Paulo e do Brasil",
iniciou assim a Marcha seu idealizador, o apóstolo Estevam Hernandes. Ele
apresentou Bolsonaro como "esse homem escolhido por Deus" e abençoou
a vida do presidente, de sua família e de seus ministros.
Bolsonaro
subiu por volta das 10h no trio, com uma comitiva política que incluiu Tarcísio
de Freitas, seu candidato a governador paulista, e o deputado Marco Feliciano,
ambos do PL de SP. O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles também estava
lá.
O
presidente foi à sua primeira Marcha para Jesus em 2018. Já ocupava, então, a
cabeceira na corrida pelo Palácio do Planalto, mas ainda não era unanimidade
entre os grandes líderes evangélicos do país. Muitos só embarcaram na sua
campanha depois.
O
líder da Marcha para Jesus disse à Folha, na época, que a Bolsonaro faria bem
em "pregar mais amor e tolerância". Hoje aliado do presidente,
Hernandes diz pensar diferente. Afirmou ao jornal nesta semana que, após
conhecer o chefe do Executivo, sentiu que era um homem de Deus.
Em
2019, Bolsonaro se tornou o primeiro ocupante do Palácio do Planalto a passar
neste que é o maior evento do calendário evangélico do continente. Discursou
sobre "um problema seríssimo de moral, ética e economia" que, a seu
ver, florescia no Brasil.
As
duas edições seguintes da marcha caíram por conta da pandemia. Em vez de povo
caminhando na rua, a organização optou por carreatas, mas sem a dimensão
original nem a presença de autoridades, que costumam bater ponto no evento
sobretudo em ano eleitoral.
Fotos: Capturas de tela