APÓS VÁRIOS ADIAMENTOS, SUSPEITOS
DE ASSASSINATO VÃO A JÚRI POPULAR
Ronaldo Santana de Araújo foi assassinado aos 38 anos, na
frente do filho, à queima-roupa, às 06h40 de 09 de outubro de 1997, na semana
que acontecia o novenário da Festa de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do
Brasil. Quatro tiros silenciaram a voz de Santana, que na época apresentava e
dirigia um jornalístico matinal na Rádio Jornal AM de Eunápolis.
Ronaldo Santana começou a trabalhar como office-boy na
Rádio Santa Cruz, em Ilhéus, em 1977. Passou depois a operador de áudio e em m
1990 mudou-se para Eunápolis, onde trabalhou como operador de transmissor de
rádio, junto com a mulher, na Rádio Jacarandá. Substituiu o apresentador de um
programa e, em pouco tempo, passou também a fazer reportagens policiais e sobre
reclamações da população. Apresentava o programa Ronda Policial, transmitido
diariamente às 7h pela Rádio Jornal, e que abordava também fatos políticos,
denúncias e desmandos administrativos do chefe do executivo local, à época o
ex-prefeito Paulo Dapé, acusado de ser o mandante do crime.
O juiz Otaviano Andrade Sobrinho, então presidente do
Tribunal de Júri da Comarca de Eunápolis, determinou para o dia 18 de maio de
2015, às 8h30, o julgamento das quatro pessoas acusadas de envolvimento com a
morte do radialista Ronaldo Santana, ocorrida 18 anos antes.
Na época seriam julgados o ex-prefeito de Eunápolis,
Paulo Ernesto Ribeiro da Silva, conhecido como Dapé, o bancário Antônio de
Oliveira Santos (Toninho da Caixa), Maria José Ferreira de Souza (conhecida
como Maria de Sindoiá) e Waldemar Batista de Oliveira (Dudu). Mas em virtude de
uma manobra legal da defesa dos acusados, mais uma vez o julgamento terminou
adiado.
E nesta quarta-feira, dia 30 de novembro, foi confirmado
que o acusado de encomendar a morte de Santana, o ex-prefeito Paulo Dapé, deverá
sentar-se no banco dos réus na próxima segunda-feira, dia 5, quando ele e os
outros três acusados no crime serão submetidos a julgamento popular.
RELEMBRE O ASSASSINATO
Para muitas pessoas que não se lembram do ocorrido, ou
para os mais jovens que estão ouvindo falar agora, Ronaldo Santana tinha um
programa que começava às 07h, que em 9 de outubro de 1997, ficou vago, já que o
radialista sofrera o atentado quando caminhava em direção à Rádio Jornal,
acompanhado do seu filho Márcio, sonoplasta do pai na época.
Em depoimento à polícia, Márcio Santana disse que
no momento do crime, não havia muita gente na rua, somente algumas pessoas que
chegavam para uma feira existente no local, mas elas estavam dentro de um
galpão. Após perceber seu pai caído, o jovem contou que viu um táxi e começou a
acenar, pedindo ajuda. Ronaldo Santana foi levado pelo taxista ao hospital
ainda com vida, mas morreu horas depois.
O filho de Ronaldo nunca conseguiu descrever com exatidão
os homens que calaram seu pai. Disse que a ação dos bandidos foi muito rápida,
e tinha de socorrer Ronaldo, que estava caído. Além disso, o homem da moto
estava com o capacete, o que dificultou o reconhecimento. Um dia antes de
morrer, o radialista havia anunciado que faria uma denúncia sobre tráfico de
drogas. Num dos programas, mencionou a existência de traficantes nas escolas,
especialmente no colégio Anésia Guimarães, um dos principais de Eunápolis.
As críticas de Ronaldo contra a administração do prefeito
Paulo Ernesto Ribeiro da Silva ‘Paulo Dapé’, também eram uma constante em seu
programa. Ele não poupava policiais, políticos e moradores da comunidade. Num
dos programas, falou da má qualidade da merenda nas escolas da cidade. Seus
comentários fizeram com que a então secretária de Educação, Maria de Lourdes
Vieira do Nascimento, pedisse direito de resposta na rádio. Em uma sessão
especial da Câmara de Vereadores, os dois se enfrentaram. Depois da sessão, o
marido da secretária, Tércio Pereira, seguiu Ronaldo de carro e tentou
agredi-lo com um pontapé e com palavras. Em 27 de junho de 1997, o radialista
fez queixa na Delegacia da Polícia Civil de Eunápolis contra Pereira.
Ronaldo não costumava comentar com a mulher, Manuelina
Moura de Araújo, de 42 anos, sobre ameaças recebidas. Embora, nos últimos
tempos, ela tenha sentido que o marido andava tenso e preocupado. Na noite
anterior ao crime, ele quase não dormiu. Segundo Manuelina, Ronaldo levantou-se
pelas 4h. Disse que perdeu o sono. Fez o café e saiu no horário habitual a pé
com o filho para o trabalho, quando foi atacado e morto. (Fonte: Teixeira News)
2 Comentários
Se até hoje não deu em nada, não é agora que vai dá.Viva o Brasil, país da impunidade...
ResponderExcluirObs: O julgamento será em Eunápolis, apartir de que horas...Está faltando esses dados 😉
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