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Câncer de próstata costuma ser silencioso; saiba como se prevenir

Exame de toque precisa ser feito anualmente alertam médicos; 156 homens morreram em Salvador este ano

Basta sentir uma dorzinha ou notar algo estranho no corpo, que muita gentecorre para a internet em busca de um diagnóstico. Mas é preciso ter muito cuidado com essa atitude, principalmente no caso de câncer de próstata, doença que costuma ser silenciosa.

Em homenagem ao Novembro Azul, campanha de conscientização na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata, o CORREIO conversou com profissionais para esclarecer as principais dúvidas sobre os sintomas da doença - em 2017, foram 2.624 casos deste tipo de tumor maligno na Bahia, ou seja, sete registros por dia. 

O exame anual é fundamental para homens a partir de 50 anos, ou 45, caso haja histórico na família ou seja um paciente negro, que apresentam risco maior de manifestar a doença, explica o oncologista clínico Vinicius Carrera, da Clínica AMO (Assistência Multidisciplinar em Oncologia).

“É uma recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia. É necessário procurar um urologista para avaliar a próstata anualmente. Isso envolve o exame de toque retal e um exame de sangue chamado PSA. Mas, apenas o exame, não é suficiente. Cerca de 15% dos pacientes com câncer têm o PSA normal. Por isso é importante o exame de toque”, afirma Carrera.

O médico diz ainda que o tumor maligno de próstata é um dos mais comuns entre os homens e que a chance de cura, quando há diagnóstico precoce, é acima de 95%.

O câncer de próstata é o tumor maligno mais frequente em homens, quando se exclui o câncer de pele não melanoma. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é que de 60 mil casos por ano.

"A estimativa é de que um a cada seis homens pode desenvolver a doença, que é muito frequente porque não existem métodos preventivos. Sabe-se que a atividade física, o controle de peso e uma dieta pobre em carne vermelha e rica em vegetais diminui a chance de tumores em geral, mas não existe nada específico para prevenir esse tipo de câncer", diz Carrera.
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), 2.624 casos de câncer de próstata foram registrados na Bahia no ano passado. Já neste ano, de janeiro até o dia 18 de junho, foram 723.

A mortalidade não é alta, destaca Carrera, desde que o tumor seja descoberto precocemente, "porque neste caso há tratamento antes de uma possível metástase”. Em Salvador, foram 244 mortes no ano passado por causa da doença. Já neste ano, de janeiro a agosto, 156 vítimas fatais.

Nem tão silenciosa assim
Apesar de, na maioria das vezes, não ocorrerem indícios, a doença pode manifestar alguns sintomas. O urologista Paulo Furtado, do Centro de Urologia do Hospital Português, alerta que alguns pacientes podem sentir dificuldade para urinar, gotejamento após a urina, dor na pelve, sangramento na urina ou na ejaculação.


“Pode afetar  até o funcionamento dos rins. O problema é que existe outra doença, muito mais comum que o câncer de próstata, com esses mesmos sintomas, que é a hiperplasia prostática benigna, que nem mesmo é um fator de risco. É preciso fazer o exame antes de sentir sintomas”, avisa.

Um fator que afasta muitos pacientes do consultorio é o preconceito com o exame de toque. Por isso, a importância de uma campanha como o Novembro Azul, de conscientização.

Para Furtado, a resistência dos pacientes tem diminuído. “Já existiu mais preconceito. Eu estou com 20 anos de formado e, naquela época, era muito pior. Muitos pacientes se recusavam a fazer e já entravam no meu consultório dizendo que não fariam de jeito nenhum. Hoje em dia acho que existe uma conscientização maior. Vejo que melhorou a percepção do paciente”, acredita.


Tratamento e sequelas

Quando um paciente é diagnosticado com câncer de próstata, o trabalho do urologista passa a ser em conjunto com um oncologista. Vinícius Carrera explica que existem três tipos de tratamento para o tumor maligno.


“Quando descobre-se de forma precoce, o tumor é pouco agressivo. Neste caso, há uma modalidade muito adotada ultimamente, que é a vigilância ativa. Isso nada mais é que monitorar o câncer, sem que ele necessariamente seja tratado, porque em muitos casos ele não tem a capacidade de se tornar mais agressivo e prejudicar o paciente”, explica.

Há também, continua Carrera, a prostatectomia radical, que é a remoção da próstata e das vesículas seminais - é feito um corte na barriga do paciente, que é a forma tradicional, com auxílio da videolaparoscopia ou de cirurgia assistida por robô.

"Esse recurso  não existe ainda em Salvador, mas é usado em 80% a 90% das cirurgias nos Estados Unidos. Colocamos câmeras de vídeo na barriga do paciente e o médico fica sentado, operando, como se fosse em um videogame. Já existe esse recurso em São Paulo, Recife, Fortaleza, e a tendência é que chegue em Salvador”, revela.

A terceira alternativa é a radioterapia. “Esse tratamento envolve uma radiação dirigida de forma calculada para o tumor, poupando as áreas que não devem ser tratadas”, completa.

Ainda de acordo com o médico, o câncer de próstata, embora tenha uma baixa mortalidade, pode deixar sequelas nos pacientes.

“É uma doença que mata pouco. A maioria dos casos de morte é quando não se diagnostica rapidamente, porque corre o risco de metástase, que é quando a doença afeta outras partes do corpo. O tratamento da doença pode acarretar em problemas sexuais, como a disfunção erétil também. Mas isso é mais comum quando não se tem o diagnóstico precoce. Outros fatores também contribuem, como diabetes e idade avançada, que é acima dos 70”, finaliza.

Câncer de pênis
Apesar de toda mobilização que visa a quebra de preconceito para a realização do exame de próstata, consultar um urologista ajuda também a diagnosticar casos de outro tipo de câncer mais raro, o de pênis.  Os principais sintomas são feridas que não cicatrizam, aumento anormal do tecido da glande, surgimento de nódulos, gânglios inguinais na virilha.



“É um tipo de câncer que hoje é raro no mundo, mas incidente no Brasil, principalmente nas regiões Norte e Nordeste”, explica Franz Campos, chefe do serviço de Urologia do Instituto Nacional de Câncer (Inca).  Em Salvador, a SMS registrou 144 casos no ano passado e, até 18 de junho deste ano, apenas 49.

Os mais atingidos são homens a partir dos 50 anos, mas os jovens precisam ficar atentos. A principal causa do tumor, segundo especialistas, é a má higiene íntima. Também é mais comum que a doença apareça em quem não fez a cirurgia de fimose para a retirada da pele que reveste a glande ou “cabeça” do pênis.

Para prevenir o câncer, é necessário higienizar bem a região genital, principalmente após relações sexuais ou masturbação. Além disso, é indicado o uso de preservativo durante as relações sexuais. O tratamento varia de acordo com a gravidade do tumor e é feito com cirurgia, quimioterapia, radioterapia e, em caso mais graves, amputação do pênis.






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