Bebê é pra ser cuidado
pela família, não para ser tocado ou visitado nos primeiros dois meses
Em post no
Facebook, mãe cujo filho pegou herpes após ser beijado por visita fez um
pedido: não beijem bebês dos outros. Especialistas explicam que precauções
adotar.
"Parem de
querer beijar bebê que não é seu" — este é o pedido de Rafaela Moreira
feito em um post no Facebook da última sexta-feira (4). Ela afirma que o filho,
Gustavo, foi infectado com herpes aos 17 dias de vida — por causa do beijo de
uma visita, segundo declarações feitas ao jornal "Extra". A
publicação viralizou, com mais de 185 mil compartilhamentos e 25 mil
"likes".
Rafaela contou ao
jornal que, um dia antes de aparecerem as bolhas no rosto do neném, ele
chorava muito, e ela chegou a achar que poderiam ser cólicas. Quando viu as
marcas, levou um susto. "O rosto dele estava todo infeccionado, aí eu o
levei de imediato ao hospital, onde a médica contou que o herpes foi contraído
pelo beijo. Ela recomendou que nessa fase a gente tem que evitar visitas",
relatou.
O G1 ouviu
especialistas para entender por
que o vírus que causa o herpes — que afeta mais de 4 bilhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) — é tão perigoso em bebês. Também listamos algumas dicas de cuidados que devem ser adotados na hora de visitar quem acabou de chegar ao mundo.
que o vírus que causa o herpes — que afeta mais de 4 bilhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) — é tão perigoso em bebês. Também listamos algumas dicas de cuidados que devem ser adotados na hora de visitar quem acabou de chegar ao mundo.
Kléber Luz,
infectologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), explica que o herpes, bastante comum em adultos, traz risco para
recém-nascidos porque o sistema imunológico deles ainda é muito frágil.
"O
recém-nascido tem as defesas muito baixas. O herpes, no recém-nascido, tem uma
característica: invade o sistema nervoso e produz encefalite [inflamação no
cérebro]. Por isso que, mesmo vendo só as bolhinhas no rosto, é um indicativo
de lesão cerebral. É grave", explica Luz.
Existem dois tipos
de vírus que causam o herpes: o tipo 1 e o tipo 2. A infecção pelo 1 é a
responsável pela maioria dos casos de herpes oral — que causa feridas na
boca que parecem aquelas acarretadas pelo frio. Já o tipo 2 é o que dá
origem à maioria dos casos de herpes genital. Segundo a OMS, cerca de 3,7
bilhões de pessoas no mundo abaixo dos 50 anos têm o tipo 1 do vírus, e 417
milhões, o tipo 2.
Contágio
"A transmissão
é feita pelo contato — principalmente íntimo, como um beijo — da pessoa
infectada com a que nunca teve herpes", explica Kléber Luz. Ele lembra
que, mesmo que as feridas não estejam aparentes, a pessoa pode ser contaminada.
O maior risco, no entanto, é quando as feridas — chamadas de úlceras ou bolhas
— estão aparentes.
A doença, seja em
sua variação oral ou genital, não tem cura, mas pode ser tratada com
antivirais, que ajudam a reduzir a severidade e a frequência dos
sintomas. Fatores como exposição ao sol e estresse podem desencadear as
feridas.
Como proteger os bebês?
Kléber explica que,
devido ao fato de a maioria das pessoas já ter sido infectada por herpes —
mesmo que não apresente sintomas —, a maior probabilidade é de que a criança
pegue a doença da própria mãe, por meio do contato com o canal vaginal durante
o parto normal. Segundo a OMS, isso acontece com cerca de 10 a cada 100 mil
nascidos em todo o mundo.
Mas a doença também
pode ser transmitida se a pessoa infectada beijar o bebê — como Rafaela relata
ter sido o caso do filho. Por isso, é importante adotar alguns cuidados na hora
de visitar a criança.
Veja:
Em primeiro lugar,
espere um tempo
O ideal é não
visitar a criança assim que ela nascer — espere pelo menos um ou dois meses,
inclusive para dar chance à mãe de se recuperar do parto.
"Recém-nascido
não é pra ser visitado, é pra ser cuidado. Uma mãe, uma tia, uma avó, encerra
aí. Hoje em dia é uma caravana pra visitar — e pega, beija, abraça",
recomenda Luz.
"A criança é
muito frágil, o sistema imunológico está debilitado. Quem tem que ter contato é
a mãe. Ficar em silêncio. Deixa a criança fazer um mês, dois meses, que aí pelo
menos já tomou as primeiras vacinas."
Evite segurar a criança
"Ninguém tem
que pegar o bebê no colo. Ele tem que ficar na dele, quietinho, longe de todo
mundo. Só quem pega é a família íntima. Tocar na mão do bebê, por exemplo, é a
mesma coisa que dar um beijo na boca dele, porque ele coloca muito a mão na
boca. E, se estiver doente, não vá visitar", diz a pediatra e professora
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Ana Escobar.
Se for pegar, lave as mãos e evite beijar o
neném
"Todo bebê é
um imunodeprimido — as defesas são baixíssimas", explica Ana. Por isso tem
que ser tudo esterilizado, para não contaminar. Não existe pegar num
recém-nascido sem lavar as mãos e ter passado álcool em gel. Beijar bebê não se
deve — só gente muito próxima, mas mesmo assim só com certeza absoluta de que
não está doente. Pode pegar com roupa limpa, tendo lavado a mão", diz a
pediatra.
E, por fim, cuidado ao levar crianças junto
"Deixe as
crianças longe. Os pais têm que ter bom senso — criança gripada, resfriada, não
deve visitar, nem chegar perto ou respirar perto do bebê", orienta a
médica. (G1).
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