O peeling custa entre R$ 15 mil e R$ 30 mil e é indicado
apenas para quem tem uma pele muito envelhecida
Imagine um procedimento que queima profundamente
o seu rosto para, depois de um longo e doloroso pós-operatório, nascer uma pele
de bebê. Esse é o peeling de fenol, uma técnica antiga que viralizou nas redes
sociais após uma clínica de estética e dermatologia de Caxias do Sul, no Rio
Grande do Sul, mostrar o antes e depois de uma paciente. O valor do
procedimento é entre R$ 15 mil e R$ 30 mil.
Nas imagens, dá para ver Regina
Sganzerla de Boni, de 67 anos, sair de um rosto cheio de rugas para uma pele
super jovem. Mas, o que mais impressiona mesmo em todo esse processo é o meio:
nos primeiros dias pós-procedimento, a pele do rosto de Regina ficou escura,
com marcas de queimadura e pedaços de pele pendurados.
Quando a pele necrosada saiu por
completo, surgiu um rosto completamente renovado e bastante rosado - do mesmo
jeito que fica a nossa pele após uma queimadura.
Ao Aratu On, a dermatologista
Vitória Rego explicou que, por ser um procedimento de risco, o peeling de fenol
é feito em centro cirúrgico com anestesia local e monitoramento cardíaco, já
que a substância é tóxica para o coração e pode provocar uma arritmia e até uma
parada cardíaca. Em média, a aplicação dura 1h30.
“O fenol é uma substância que
agride a pele porque penetra profundamente. A função dele é quase que provocar
uma queimadura no rosto. Por isso, precisa estar em um ambiente cirúrgico,
monitorado, porque pode dar alteração hepática, cardíaca e renal. E o paciente
precisa estar preparado para o depois, porque incha muito a pele, fica com
aquela queimadura, com um aspecto muito feio. Mas, o resultado é realmente
espetacular”.
PRÉ-REQUISITOS
Antes de fazer qualquer tipo de
peeling, é importante saber que existem técnicas diferentes: há o peeling superficial,
que descama a pele de forma leve, o médio e o profundo, que é o caso do de
fenol.
“Muitas vezes, o paciente chega
dizendo que quer fazer um peeling, mas nenhuma noção que é. Geralmente, as
indicações são: fotoenvelhecimento, manchas residuais, melasma, e cicatrizes de
acne. A pele fotoenvelhecida se beneficia muito com o uso de peelings
químicos”, detalha a dermatologista. Os procedimentos mais leves podem ser
feitos várias vezes na vida.
“Um peeling profundo, como o de
fenol, é feito apenas uma vez e com indicações bem específicas: aquele paciente
bem fotoenvelhecido, que tem um envelhecimento intenso. Não se faz em qualquer
tipo de pele. Uma paciente de 20 anos que a pele não tem nada, jamais fará um
peeling de fenol”, conclui a médica.
Outro pré-requisito importante é em
relação à cor da pele do paciente: para evitar manchas escuras de queimadura, o
peeling de fenol só é indicado para peles claras. Na Bahia, de acordo com
Vitória Rego, o procedimento “full face”, aplicado em todo o rosto, nunca foi
feito. No consultório, a dermatologista já fez o peeling apenas em áreas
específicas do rosto, o que torna o procedimento e o pós bem mais tranquilo e
menos doloroso.
A dermatologista Fabíola Leal, que
também conversou com o Aratu On, ressalta que, caso as limitações não
sejam respeitadas, o procedimento pode piorar a pele do paciente. “Justamente
por ser um peeling profundo, por atingir quase todas as camadas da pele, a
profundidade dele vai até a derme reticular média. Ele é um peeling que, quando
mal conduzido, pode levar a queimaduras, alteração de pigmentação, cicatrizes
hipertróficas e inestéticas, queloides e infecções”.
Logo após a intervenção, é
necessário que a pessoa não se exponha ao sol por dias, hidrate a pele
constantemente e fique em casa para se recuperar. Com a pele do rosto
fragilizada, as limitações são muitas: não pode molhar no banho, sair para
trabalhar, e até se alimentar é difícil.
“Os primeiros 15 dias são os mais
críticos. Nesses dias, o paciente tem que ficar restrito em casa, evitar
exposição solar. Esse é o período mais importante, que vai ter maior descamação
da pele”, aponta Fabíola.
Após a descamação inicial, a pele
nova pode ficar avermelhada e extremamente sensibilizada por meses. “Às vezes,
três meses, chegando a seis, para que você tenha aquela melhora da vermelhidão
que a gente chama de hipercromia pós-inflamatória”. O resultado, porém, é
duradouro.
Nos primeiros dias, Regina, a
paciente que viralizou na internet, não conseguia abrir a boca para comer - por
isso, só comia alimentos pastosos e com canudo. Em entrevista ao Uol, ela
afirmou que, apesar dos dias de desconforto, tudo valeu a pena: “Nem com 30
anos me senti tão bonita”.
Imagens: Redes sociais/Reprodução do Aratuon
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