Bocão 64

A FORMIGA E O ELEFANTE

Existem muitas historinhas engraçadas sobre prováveis convivências entre os animais falantes das lendas de nossa infância, contadas e repassadas de pais para filhos.

Como pode uma simples formiguinha debater e combater um inimigo gordo, enorme e bochechudo?  Se o sopro de um elefante pode jogar à distância centenas de formigas, imaginem uma patada certeira!  

O elefante, cabeçudo, inteligente, negligencia suas defesas, subestima seus adversários e vez por outra se torna  vítima de leões famintos.

A formiga, quase sem cérebro, mas inteligente demais para seu tamanho, entende que a união faz a força. Uma formiga pode não fazer muita diferença, mas um formigueiro inteiro faz muito elefante se coçar.

A picada de uma formiga pode passar despercebida, mas a picada de um formigueiro feroz, pode até matar.

Nas campanhas políticas também é  assim.. Lula tentou por décadas se eleger presidente, até que um dia, um formigueiro chamado Brasil resolveu desbancar o poder e colocar a faixa num operário, semi-analfabeto, que fez o país dar um salto para o futuro. Hoje somos potência, somos respeitados, graças ao carisma de um homem capaz de fazer inimigos darem as mãos em prol de um sonho.

Quando Dilma Rousseff foi anunciada como candidata de Lula, muita gente fez piadas e mais uma vez o grande formigueiro Brasil mostrou sua força, picando  com garra e coragem os inimigos do presidente, elegendo pela primeira vez  uma mulher ao cargo político supremo de nosso país, com um índice de aprovação acima da média.

Em Eunápolis vivemos algo parecido. Um elefante balofo, gordo de tanta riqueza, que veio do nada, agregou em torno de sí, sob o poder do dinheiro público, um batalhão de elefantinhos esfomeados, sedentos  de tetas grandes, leitosas e pastosas.

A máquina administrativa de Eunápolis bancou o passe de antigos inimigos. Radialista eleitoral, sites, imprensa parcial, políticos, etc, todos podem ter um preço diante da oferta do grande elefante.  É um jogo de vale tudo.

A vice-prefeita, fez uma encenação, fingindo sair da sombra elefantesca pra depois voltar, radiante, novamente como candidata. Ficam dúvidas sobre o "X" da questão, por que não o "$" da questão? Oposicionistas ferrenhos como o PT se curvaram. O candidato do elefantão, que um dia foi expulso do posto de secretário municipal por incompetência (ou preguiça, segundo informações íntimas), volta agora como uma aquisição orgulhosa do temível elefante barbudo graças ao sobrenome herdado do pai, que foi um grande político. Outrora inimigos, agora risonhos e abraçados diante de um bem comum: NOSSA PREFEITURA.

Quem deveria nos defender, a Câmara Muncipal, fez vista grossa a pedido do elefantão e liberou mais 10 milhões de reais faltando apenas 5 meses para término de mandato. O destino dessa dinheirama toda, com certeza não será para benefício dos pobres e sacrificados eleitores da nossa periferia. "Somos pobres, mas somos honrados", me disse um senhor de idade no bairro Itapoan, ou melhor dizendo, me disse uma "formiguinha" que faz parte dessa grande colônia que é nossa cidade.

Ruas asfaltadas com material de segunda ou terceira qualidade. Buracos na primeira chuva. Ruas pavimentadas no papel, para enganar o governo estadual ou federal, mas que na realidade continuam em terra, esburacadas ou enlameiadas, causando transtornos para os transeuntes. São várias as obras fictícias, assim também como são os vários processos por improbidades administrativas que colocam em dúvidas a integridade e honestidade desse elefante que insiste em continuar no poder através de seus  manipuláveis candidatos.

E a pobre formiguinha? Qual o papel dela na nossa sociedade? Quais são suas armas?

Mais da metade do nosso "formigueiro" depende do emprego municipal e é, com certeza, constantemente questionado sobre  uma fidelidade, na maioria das vezes fictícia, comprada ou oprimida sob a ameaça de desemprego,  tendo  que ser demonstrada em passos largos e brados vibrantes nas caminhadas patrocinadas pelo elefantão,  mas que no fundo, la no cantinho do coração de cada uma dessas formigas, algo de novo faz bater mais forte e produzir um novo sangue, forte, viril, chamado integridade. 

Algumas pessoas tem preço, outras tem valores, mas,  concorrer numa eleição, com uma máquina tão poderosa e destrutiva, é a comparação mais óbvia sobre o perspectiva de uma formiguinha diante de um animal tão poderoso e brutal.

Cordélia é uma dessas formigas, empenhadas numa luta sem trégua e quase sem chances. Sem nenhuma experiência política, sem nunca ter ocupado um cargo público, mas que militou junto ao marido em outras campanhas, ela trás para o formigueiro uma chama de esperança que deve ser alimentada constantemente por todos nós. Se essa chama se apagar, se apaga  também o significado e conceito de governo do povo, para o povo e pelo povo.