RIO BURANHÉM REVELA
NOVA ESPÉCIE DE PEIXE
Era um fim de semana tranquilo, de muito calor. Seu Zé Pescador preparou seu material e, como de costume, saiu para mais uma pescaria no famoso Rio do Peixe. Anzol, iscas diversas, uma garrafa de cangebrina, facão, embornal e lá se foi, feliz da vida, cantarolando e imaginando qual a história que iria rolar no dia seguinte. Era sempre assim, fofocas de pescadores, ao sabor de uma bebida quente e baforadas de cigarro de fumo de rôlo.
O rio Buranhém, que já foi mais caudaloso e farto quando ainda tinha matas em suas margens, agora assoreado pela falta de respeito e ganância de fazendeiros que não acreditam em previsões científicas e simplesmente desmatam. Para completar o definhamento do rio, a poluição despejada em suas águas por esgotos, fossas caseiras e venenos agrícolas, completam o quadro sombrio. O rio hoje, que está mais para um raso chiqueiro, alimenta com suas águas, muitas cidades ao longo de seu percurso. Eunápolis é uma grande cidade que tem sua saúde abalada pelas verminoses que atacam seu povo carente, consumidor dessa bendita água que, a meu ver, não passa por um tratamento digno da confiança.
Aliás, Eunápolis, uma cidade com mais de 100 habitantes, foi indicado por pesquisas recentes, como a pior cidade para o jovem viver no Brasil. O índice de violência chega a ser constrangedor para a administração pública que também foi "assoreada" por políticos gananciosos e corruptos sem nenhuma vocação de compostura para com o eleitorado. Uma cidade onde a educação de péssima qualidade se mistura com o terror da criminalidade e o medo de enfrentar infinitas filas para o sistema de saúde precário, responsável por inúmeras mortes no decorrer do ano passado.
Mas o assunto aqui continua sendo a pescaria do seu Zé, que invejoso de uma certa pescaria de agulhão milionário, lutou bravamente para conseguir alguns peixinhos miúdos para sua gostosa moqueca de fim de semana.
Em certo momento, depois de cansativas horas de paciência, o anzol foi fisgado. O peixe lutou bravamente. Não era nenhum agulhão mas demostrava vigor nas manobras sub-marinas (ou seria sub-rio-ninas?). Seu Zé, pescador treinado por longa experiência, dava linha, puxava a linha, suava frio, mas manobrava o anzol como ninguém. Quando conseguiu vencer o agulhão, digo, agulhinha, aliás digo, piabinha, teve a maior surpresa: Acabara de descobrir uma nova espécie de peixe.
O Rio Buranhém que recebe tanta sujeira e imundície para alimentar uma região inteira de verminoses e diversos micro-organismos maldosos, acabara de dar a luz ao Peixe Porco. Confira a foto e tire suas conclusões.
INFORMAÇÃO TÉCNICA:
Assoreamento é a obstrução, por sedimentos,
areia ou detritos quaisquer,
de um estuário, rio, baía ou canal.