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APONTADO COMO SEQUESTRADOR DE ADVOGADO É PROCURADO POR VÁRIOS CRIMES

APONTADO COMO SEQUESTRADOR DE ADVOGADO, PAULINHO MEGA RESPONDE A 13 PROCESSOS  

Inteligente, é capaz de construir uma versão sobre outra em segundos. É frio, vaidoso e, como todo estelionatário, vive dos golpes


Um cara bom de papo, cortês, que anda vestido com roupas de grife em um Jeep Cherokee vinho. Se apresenta como um empresário, que conhece políticos influentes em Mato Grosso e Brasília. É assim que Paulo Roberto Gomez Guimarães Filho, 37 anos, o Paulinho Mega, envolvia suas vítimas.

Inteligente, é capaz de construir uma versão sobre outra em segundos. É frio, vaidoso e, como todo estelionatário, vive dos golpes. Responde a 13 processos, entre homicídio, extorsão, crimes contra o patrimônio, além de estelionato, e é procurado pela polícia como responsável pelo sequestro do advogado Ricardo Andrade Melo, 37, sumido há quatro meses.


“Ele dizia que tinha fazenda de gado em Mato Grosso, helicóptero, avião. O cara é muito bom de papo. Se mostrando muito cordial, convidando as pessoas para passear de lancha”, disse uma corretora, que foi procurada por Paulo em novembro de 2013.


Na ocasião, ele se mostrou interessado na compra de uma mansão no condomínio AlphaVille Salvador, na Avenida Paralela. O imóvel tem mais de 930 metros quadrados e é avaliado em R$ 4,3 milhões. “Ele disse que ia casar e passar a lua de mel nos Estados Unidos e depois iria  viajar por um mês”, contou a corretora.

Mas um detalhe deixou a corretora alerta. “Ele disse que tinha comprado um apartamento no Victoria Loft, no Corredor da Vitória, por R$ 400 mil, quando, em média uma unidade ali sai por
R$ 690 mil”, disse a corretora. Apesar da desconfiança, firmaram um contrato de compra e venda.
RICARDO: VIZINHO DO SEQUESTRADOR

De acordo com a polícia, de posse do documento, Paulo conseguiu a garantia de que poderia pagar o aluguel de R$ 1.800 em um dos apartamentos do Victoria Loft, onde se tornou vizinho de Ricardo. Paulo passou a morar no primeiro andar, com o pai, em novembro. Nunca pagou um mês do aluguel do apartamento. Conheceu Ricardo no píer do prédio e conversaram sobre carros e lanchas.

SUSPENSÓRIO

Desde jovem, Paulinho aplicava pequenos golpes. Óculos de grau, camisa social fechada até o último botão, suspensório, bermuda xadrez, meias até a altura do joelho e cabelo partido ao meio. Era assim, vestido como um nerd, que furtava joalherias da capital, em 1995.
“As pessoas não davam nada naquele rapaz de 18 anos. Então, ele aproveitava para roubar Rolex (marca famosa de relógio)”, disse o delegado Cleandro Pimenta, diretor do Centro de Operações Especiais (COE) da Polícia Civil, que investiga Paulinho Mega como o principal responsável pelo sequestro de Ricardo.

Segundo a polícia, o apelido de Mega seria uma derivação de megalomaníaco e foi atribuído a ele ainda na infância. “Ele tinha mania de grandeza. Mentia muito porque não se contentava com pouco”, disse o delegado. Até a fase adulta, Paulinho morou em um modesto apartamento de dois quartos na Pituba. O pai, Paulo Roberto Gomez Guimarães, era fotógrafo. Mas tudo indica que o jovem, à época, optou em seguir o caminho da mãe, Maria Carmen Chaves de Carvalho, 62, indiciada duas vezes por crime de estelionato em 1993 e 2002.

“Ele, a mãe e a mulher dele, Joseane, montaram uma empresa de fachada de venda de celular”, disse o delegado. O golpe, aplicado ainda na década de 90, consistia na seguinte forma: Joseane atuava no call center, ligando para as pessoas, ofertando aparelhos a preços tentadores. Então, a vítima acabava depositando o dinheiro, mas nunca recebia o aparelho.
Ontem, o CORREIO localizou Joseane no Matatu. “Infelizmente, fui casada com ele”, disse, sem abrir o portão da casa de dois andares no Santo Agostinho. Sobre os crimes de que é acusada de cometer com Paulo, Joseane disse que foi vítima. “Ele usou o meu nome em várias falcatruas. Não o vejo desde dezembro de 2013. Estamos separados há quatro anos e com um processo de separação litigioso”, afirmou, antes de encerrar a conversa. Eles têm uma filha pequena.

MORTES

Em 1999, Paulo teria encomendado a morte do amigo Newton Cardoso Neto, baleado por dois homens na Barra. “O processo corre em segredo de Justiça e nunca foi à frente. Está engavetado”, explicou Pimenta. O motivo do crime seria um atrito pessoal. Em 2003, Paulo matou o administrador Carlos Alexandre Bezerra Rodrigues, 25 anos, que era seu vizinho. A vítima foi estrangulada com um fio de náilon em um motel em Patamares e teve pertences roubados, como relógio e cartões.
Em razão da morte de Carlos, Paulo foi condenado em última instância a 22 anos de prisão no dia 22 de abril deste ano e era considerado foragido. “Acredito que ele estava tentando levantar dinheiro para fugir e por isso sequestrou Ricardo”, disse o delegado. Antes, Paulo havia sido preso por tráfico internacional, após ser flagrado com 8 kg de cocaína. Ele entrou em contato com a família de Ricardo um dia após o sumiço do advogado, em 30 de abril. Pediu dinheiro, mas a família procurou a polícia. Desde então, não houve mais contato.

MEGALOMANIA É SINTOMA DE TRANSTORNO DE PERSONALIDADE

A megalomania ou a “mania de grandeza”  é descrita pela psiquiatra Rosa Garcia, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, como um sintoma do transtorno de personalidade antissocial, que é conhecido como psicopatia. “É o que o leigo chama de mau caráter. Pela classificação internacional de doenças, a pessoa é doente, mas consideramos que é um anormal, porque sua personalidade se formou de uma forma anormal”, disse.
O transtorno não tem cura, nem tratamento. Ainda de acordo com ela, não é necessário passar por um trauma para ser um psicopata. “Tem pesquisador que acredita que há traços genéticos, tem quem acredite que é uma coisa adquirida. Mas o problema é que o acesso aos sentimentos é difícil, por isso, eles não têm arrependimento”. Thais Borges


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