PARA ALEGRIA DE UNS E TRISTEZA DE OUTROS, MORREU UMA LENDA DA ESQUERDA LATINO-AMERICANA
A 1h29 deste sábado (horário de Brasília) morreu o
ex-ditador cubano, Fidel Castro. A notícia foi confirmada por Raul Castro,
irmão de Fidel e atual presidente em um discurso na Television News Nacional.
Na declaração, o presidente disse:
QUERIDO POVO DE CUBA:
Com
profunda dor que eu apareça para informar o nosso povo e os amigos da América e
do mundo, dia 25 de novembro, às 10:29 durante a noite morreu o
comandante-em-chefe da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruz. Em conformidade com
a vontade expressa do camarada Fidel, seus restos mortais serão cremados. Nas
primeiras horas da manhã de sábado 26, a comissão organizadora do funeral, o
nosso povo fornecer informações detalhadas sobre a organização da homenagem póstuma
que tributado o fundador da Revolução Cubana. Até à vitória, sempre!
O TEXTO ORIGINAL:
Querido
pueblo de Cuba:
Con
profundo dolor comparezco para informarle a nuestro pueblo y a los amigos de
América y del mundo, que hoy 25 de noviembre, a las 10:29 horas de la noche
falleció el Comandante en Jefe de la Revolución Cubana Fidel Castro Ruz. En
cumplimiento a la voluntad expresa del Compañero Fidel, sus restos serán
cremados. En las primeras horas de mañana sábado 26, la comisión organizadora
de los funerales, brindará a nuestro pueblo una información detallada sobre la
organización del Homenaje póstumo que se le tributará al fundador de la
Revolución Cubana. ¡Hasta la victoria siempre!
Fidel Castro tinha 90 anos. Uma de suas últimas aparições
foi inclusive nas comemorações de seu aniversário em agosto em uma festa que
reuniu cerca de 100 mil pessoas.
Lenda da esquerda latino-americana, Fidel Castro, morreu
no fim da noite de sexta-feira, informou seu irmão e atual presidente Raúl
Castro.
Fidel foi o líder histórico da revolução cubana, que,
mais de cinco décadas depois de seu triunfo, sobrevive como um dos últimos
regimes comunistas do mundo.
Único nome ainda vivo dos grandes protagonistas da Guerra
Fria, Fidel encarnou o símbolo do desafio a Washington: o guerrilheiro de barba
e uniforme verde oliva, que fez uma revolução socialista, marxista-leninista, a
apenas 150 km do litoral dos Estados Unidos.
Fidel governou por 48 anos a ilha, mas continuou sendo o
líder máximo e guia ideológico da revolução mesmo quando, doente, delegou o
poder a seu irmão Raúl, cinco anos mais velho, em 31 de julho de 2006.
No dia 1 de janeiro de 1959, Fidel Castro, à frente do em
exército de "barbudos", derrotou o ditador Fulgêncio Batista, após 25
meses de luta nas montanhas de Sierra Maestra. Este dia foi o começo de um
pesadelo para Washington e uma era de polarização na América Latina.
Em seu comando, Cuba participou do momento mais quente da
Guerra Fria, converteu-se em santuário da esquerda, inspiração e sustentação de
grupos armados que enfrentaram regimes de direita e sangrentas ditaduras, na
época financiadas pelos Estados Unidos em seu afã de frear o avanço do
comunismo.
O PATRIARCA
Fidel dirigiu com pulso firme o destino dos cubanos, para
uns um pai insubstituível, para outros com um orgulho messiânico. Em seu
governo nasceram 70% dos 11,2 milhões de habitantes da ilha.
Seus opositores o viam como implacável ditador que acabou
com as liberdades, submeteu os cubanos a penúrias econômicas e não admitiu a
decadência. Mais de 1,5 milhão de pessoas partiram para o exílio,
principalmente para Miami, nos Estados Unidos.
Mas, para seus seguidores, ele sempre foi um paradigma da
justiça social e da solidariedade para com o Terceiro Mundo, elevando Cuba à
potência mundial no esporte, com os níveis de saúde e educação mais elevados da
América Latina.
De personalidade excepcional, complexa e esmagadora, para
ele nada passava indiferente. Opositores na ilha e no exílio, incluindo alguns
"fidelistas", traçam um retrato contrastado: inteligente, ambicioso,
audaz, voluntarioso, corajoso e autoritário.
O ETERNO GUERRILHEIRO
Fidel nasceu na oriental aldeia de Birán, no dia 13 de
agosto de 1926, terceiro dos sete filhos do imigrante espanhol Angel Castro e
da camponesa cubana Lina Ruz.
Fidel Castro foi educado e disciplinado desde pequeno por
jesuítas, mas moldou sua rebeldia inata na Universidade de Havana, onde se
graduou em direito em 1950.
Iniciou a revolução cubana aos 26 anos quando, com pouco
mais de cem homens, tentou invadir, no dia 26 de julho de 1953, a segunda
fortaleza militar da ilha, o quartel Moncada.
Sua famosa frase "A história me absolverá",
dita quando foi julgado por essa ação, mostrou o quanto compreendia do poder
destas palavras. Foi um dos maiores oradores dos últimos 50 anos, famoso por
seus discursos absurdamente infinitos.
Ficou exilado no México e retornou com 81 homens, entre
eles o argentino Ernesto Che Guevara e seu irmão, em um desastroso desembarque
no dia 2 de dezembro de 1956 para iniciar a guerra que derrotou Batista.
Sua história e a da revolução se confundem numa só.
Sobreviveu a uma invasão da Baía dos Porcos, em 1961, à crise dos mísseis em
1962 e à desintegração da União Soviética. Sustentou militarmente e
economicamente a ilha por mais de três décadas.
Onze homens da Casa Branca tentaram asfixiar o governo
comunista por meio de um embargo econômico, vigente desde 1962, considerado
"criminoso" por Havana e, segundo os opositores de Fidel, utilizado
por ele como justificativa para o desastre da economia.
De acordo com as forças de segurança cubana foram 638
complôs orquestrados contra Fidel Castro, principalmente pela CIA.
ENCANTADOR DE SERPENTES
Conspirador nato, teimoso e mestre na arte da estratégia,
a emoção do risco foi o maior estímulo de sua vida. Em cada derrota via uma
vitória disfarçada. Era um péssimo perdedor.
Praticou natação, basquetebol, beisebol, caça submarina e
outros esportes. Disciplinado, em 1959 fumava em média uma caixa de charutos
por dia, mas, no final de 1985 parou de fumar para combater o tabagismo em um
país produtor de tabaco por excelência.
Homem de ação, leitor voraz dotado de uma memória
invejável, conversador inveterado e inquieto, Fidel viveu em uma relativa
austeridade.
Quando ficou doente em julho de 2006, manteve um regime
de trabalho alucinante, ocupando-se do menor problema doméstico até o movimento
mais calculado do xadrez político internacional. Contudo, um desmaio em 2001 e
uma queda em 2004 acionaram os alarmes quanto à saúde do homem mitificado,
acreditado como imortal por muitos cubanos.
Ergueu um intransponível muro entre sua vida pública e
privada. São conhecidos oito filhos seus: seu primogênito 'Fidelito', do
casamento com Mirta Díaz-Balart; Alina Fernández e Jorge Angel, de outras duas
relações; Alejandro, Antonio, Alexis, Alex e Angel, com Delia Soto del Valle,
sua parceira por décadas até sua morte.
Muitos amores passaram por sua vida, apesar disso se
dizia tímido com as mulheres. Em um país engraçado, musical e sensual, era
pouco dado a piadas e não sabia dançar.
Sempre foi um guerrilheiro, simbolizado por seu eterno
traje verde oliva de Comandante-em-Chefe. "Jamais deixarei a
política", disse uma vez. Mas, depois das crises de saúde, no crepúsculo
de sua vida passou a se dedicar a leitura e escrita, auto-intitulando-se
"soldado das ideias".
Na véspera da revolução disse aos seus companheiros:
"Não viverei nem um dia a mais depois do dia de minha morte". (Fonte: EM)
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