EX-MINISTRO DA SECRETARIA
DE GOVERNO DE MICHEL TEMER AGIU PARA ATRAPALHAR AS INVESTIGAÇÕES, SEGUNDO O MPF
O ex-ministro Geddel Vieira Lima foi preso na tarde desta
segunda-feira pela Polícia Federal dentro da Operação Cui Bono. A decisão
partiu do juiz Vallisney de Souza, titular da 10ª Vara Federal de Brasília.
A operação investiga a existência de práticas criminosas
na liberação de créditos e investimentos por parte de duas vice-presidências da
Caixa Econômica Federal: a de Gestão de Ativos de Terceiros (Viter) e a de
Pessoa Jurídica. Uma das vice-presidências era ocupada por Geddel.
O Ministério Público Federal (MPF) argumenta que ele agiu
para atrapalhar investigações, ao tentar barrar uma possível delações premiadas
do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do doleiro Lúcio Funaro.
Segundo o MPF, a prisão se baseia em depoimentos de
Funaro e nas delações premiadas do empresário Joesley Batista e do diretor
jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva.
Na petição apresentada à Justiça, foram citadas mensagens
enviadas recentemente (entre os meses de maio e junho) por Geddel à esposa de
Lúcio Funaro. Para provar, tanto a existência desses contatos quanto a
afirmação de que a iniciativa partiu do político, Funaro entregou à polícia
cópias de diversas telas do aplicativo.
LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DO MINISTÉRIO
PÚBLICO FEDERAL:
Em
cumprimento a uma ordem judicial que atendeu a pedido da Polícia Federal e da
Força-Tarefa Greenfield – que também é responsável pelas operações Sépsis e Cui
Bono - , foi preso nesta segunda-feira (3), o ex-ministro Geddel Vieira Lima. A
prisão é de caráter preventivo e tem como fundamento elementos reunidos a
partir de informações fornecidas em depoimentos recentes do doleiro Lúcio
Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo
J&F, Francisco de Assis e Silva, sendo os dois últimos, em acordo de
colaboração premiada. No pedido enviado à Justiça, os autores afirmaram que o
político tem agido para atrapalhar as investigações. O objetivo de Geddel seria
evitar que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o próprio Lúcio Funaro
firmem acordo de colaboração com o Ministério Público Federal (MPF). Para isso,
tem atuado no sentido de assegurar que ambos recebam vantagens indevidas, além
de “monitorar” o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o
acordo.
Na
petição apresentada à Justiça, foram citadas mensagens enviadas recentemente
(entre os meses de maio e junho) por Geddel à esposa de Lúcio Funaro. Para
provar, tanto a existência desses contatos quanto a afirmação de que a
iniciativa partiu do político, Funaro entregou à polícia cópias de diversas
telas do aplicativo. Nas mensagens, o ex-ministro, identificado pelo codinome
“carainho”, sonda a mulher do doleiro sobre a disposição dele em se tornar um
colaborador do MPF. Para os investigadores, os novos elementos deixam claro que
Geddel continua agindo para obstruir a apuração dos crimes e ainda reforçam o
perfil de alguém que reitera na prática criminosa. Por isso, eles pediram a
prisão “ como medida cautelar de proteção da ordem pública e da ordem econômica
contra novos crimes em série que possam ser executados pelo investigado”.
Com
a prisão de Geddel, passam a ser cinco os presos preventivos no âmbito das
investigações da Operação Sépsis Cui Bono. Já estão detidos os ex-presidentes
da Câmara, Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, o doleiro Lúcio Funaro e
André Luiz de Souza, todos apontados como integrantes da organização criminosa
que agiu dentro da Caixa Econômica Federal (CEF). No caso de Cunha, Alves e
Funaro, já existe uma ação penal em andamento. Os três são réus no processo que
apurou o pagamento de propina em decorrência da liberação de recursos do
FI-FGTS para a construção do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. Além deles,
respondem à ação, Alexandre Margoto e Fábio Cleto.
FONTE: Correio 24 Horas
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