LILICA VIVIA EM FERRO
VELHO DE SÃO CARLOS (SP) E ANDAVA 2 KM PARA LEVAR ALIMENTO PARA OUTROS ANIMAIS
A cadela Lilica, que há mais de três anos
levou comida para outros animais que conviviam com ela em um ferro velho
em São Carlos (SP), morreu após ser picada por uma cobra. O animal foi
enterrado em um espaço no quintal de uma casa vizinha.
‘Estou arrasada, não queria acreditar que é
verdade, muito triste’, disse a dona, Neile Vânia Antonio, que cuidou de Lilica
por mais de dez anos.
Neile achava que a cadela tinha fugido. Ela
chegou a postar nas redes sociais sobre o desaparecimento. No domingo (19), o
vizinho contou ao marido que a cadela estava morta e que ele havia enterrado o
animal.
“Eu fui o último a vê-la, ela morreu aqui
dentro, eu que a enterrei. Ia esperar um pouco para contar porque sei que a
Neile ia sofrer muito, a Lilica era muito querida”, relatou o professor de
tênis Fábio Borges Rosa Dourado.
Ele e a mulher, Aureliana Rosa Dourado, contaram
que já tiveram outros cães que também morreram picados por cobras. “Geralmente
dá vômito com sangramento. A gente tem até soro aqui. Quando vi a Lilica,
apliquei soro na veia dela, ela até apresentou uma melhora, mas não resistiu”,
contou.
FAMA NACIONAL
Lilica ganhou fama nacional após reportagem da
EPTV veiculada em setembro de 2012. A solidariedade da cadela comoveu pessoas
de todo o país.
Todas as noites, entre 20h e 21h, Lilica cumpria
rigorosamente a sua missão. Mesmo que estivesse chovendo, o destino é casa da
professora Lúcia Helena de Souza, que criava 13 cachorros e 30 gatos, todos
recolhidos da rua. Depois de servir o jantar da turma, a professora preparava
uma marmita para Lilica.
A cadela matava a fome, pegava a sacolinha com o
alimento separado pela professora e seguia de volta ao ferro velho percorrendo
dois quilômetros de caminhada na lateral de uma estrada bem movimentada.
Ao chegar em casa, Lilica dividia o alimento com
os animais com quem divida espaço no ferro velho: um cão, um gato, um galo, uma
galinha e até uma mula. Para o veterinário Alexandre dos Santos, Lilica
mantinha essa rotina porque tinha um instinto materno e de liderança entre os
bichos.
Matéria postada em 20/11/2017 – Fonte: G1