Desde
julho de 2017, o número de casos suspeitos e confirmados de febre amarela tem
aumentado no Brasil, principalmente na região sudeste do país.
1) O QUE É A FEBRE AMARELA?
A
febre amarela é uma doença causada por um vírus, o qual é transmitido pela
picada de um mosquito fêmea infectado. Em áreas urbanas, o mosquito transmissor
pode ser o Aedes Aegypti, o mesmo da dengue.
2) QUAL A RELAÇÃO DOS MACACOS COM A
FEBRE AMARELA?
Em algumas cidades,
macacos foram encontrados com sinais de agressão, e os veterinários suspeitam
que tenham sido tentativas de matar os animais para prevenir a febre amarela.
Mas os macacos não causam a doença. Assim como os seres humanos, eles são
vítimas dos mosquitos transmissores.
Os macacos são os
hospedeiros do vírus, mas apenas os mosquitos infectados são capazes de picar
seres humanos e transmitir a febre amarela. Nas áreas urbanas, o próprio ser
humano é o hospedeiro, e apenas o mosquito Aedes Aegypti transmite a doença.
3) QUAIS OS SINTOMAS DA FEBRE AMARELA?
A doença se
manifesta de três a seis dias depois da picada do mosquito no ser humano. Os
principais sintomas são: febre, calafrios, dor de cabeça, dor no corpo (lombar
e pernas), fraqueza, tonturas, mal-estar, icterícia (pele e olhos ficam
amarelos) e vômitos. "Os sintomas surgem de forma aguda. A pessoa quase
sempre começa a se sentir muito mal repentinamente", disse à ANSA o médico
Marco Antonio Pontes, clínico geral do Hospital São Camilo, em São Paulo.
Algumas pessoas são
picadas pelo mosquito, mas não apresentam quadros graves. "Em torno de 15%
dos pacientes desenvolvem a forma mais grave da doença. Mas, quando isso
ocorre, os pacientes apresentam sintomas como insuficiências hepática e renal,
hemorragia (nas gengivas, nariz, estômago, intestino e urina) e um cansaço
intenso", afirmou o especialista. "Ocorre também, em alguns casos
isolados, a falência dos órgãos".
5) COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DA FEBRE
AMARELA?
Com exame clínico,
epidemiológico e laboratorial. A doença é confirmada com a detecção de
antígenos virais e do RNA viral.
6) COMO É POSSÍVEL SE PREVENIR?
A vacina é a melhor
forma de prevenção.
Ela é gratuita e
fica disponível nos postos de saúde durante todo o ano. A recomendação é
aplicar a vacina 10 dias antes de viajar para uma área de risco. Crianças a
partir de nove meses já podem receber a medicação, que dura para a vida toda.
Evitar a propagação do Aedes Aegypti nas áreas urbanas e usar repelentes também
são recomendações contra a febre amarela.
7) O QUE É A VACINA FRACIONADA?
O surto de febre
amarela no Brasil aumentou a procura pela vacina nos postos de saúde e provocou
escassez do medicamento. Como forma de garantir a vacinação para o maior número
de pessoas, as autoridades sanitárias decidiram fracionar a dose. Em vez de
aplicar a dose completa, com 0,5 ml e que vale por toda a vida, estão sendo
distribuídas vacinas com doses menores, de 0,1 ml, que protegem por oito anos.
8) A FEBRE AMARELA TEM CURA?
Não existem
medicamentos específicos para a cura da doença, apenas para tratar os sintomas.
O próprio sistema imunológico do paciente elimina o vírus do organismo. Alguns
remédios, como analgésicos e antitérmicos, podem ser usados para aliviar a dor
e febre. Pede-se também para o paciente ingerir muito líquido para evitar
desidratação. Existe uma forte recomendação para que se evite aspirina e
derivados, porque podem favorecer os sangramentos.
9) QUAL A DIFERENÇA ENTRE FEBRE AMARELA
SILVESTRE E FEBRE AMARELA URBANA?
A principal
diferença são os mosquitos que transmitem a doença. Nos centros urbanos, a
transmissão é feita pelo Aedes Aegypti. Já nas áreas rurais, geralmente são os
mosquitos Haemagogus e Sabethes.
10) QUAL O MOTIVO PRINCIPAL DO SURTO DE
FEBRE AMARELA NO BRASIL?
A causa do surto
ainda é desconhecida, mas existem algumas hipóteses, como o deslocamento de
pessoas com a doença para outras cidades; o aumento no número de mosquitos
transmissores; a falta de vacinação nas regiões onde a doença foi registrada; e
até o impacto do desastre de Mariana, em Minas Gerais, no ecossistema.
O último balanço do
Ministério da Saúde, de terça-feira, confirma 35 casos de febre amarela no
Brasil registrados de julho de 2017 a 14 de janeiro de 2018. O estado de São
Paulo tem o maior número de casos: 20. Minas Gerais, com 11, está na
segunda colocação, seguido por Rio de Janeiro (três) e Distrito Federal (um).
Outros 145 casos estão em investigação, e 290 foram descartados. São Paulo
também lidera o número de mortes por febre amarela confirmadas, com 11, na
frente de Minas Gerais (sete), Rio de Janeiro (uma) e Distrito Federal (uma).
10) QUAL A ORIGEM DA FEBRE AMARELA?
A origem do vírus
causador da febre amarela foi motivo de discussão e polêmica durante muito
tempo. Porém estudos recentes, utilizando novas técnicas de biologia molecular,
comprovaram que sua origem é africana. O primeiro relato de epidemia de uma
doença semelhante à febre amarela é de um manuscrito maia de 1648, em Yucatán,
no México.
Na Europa, a febre
amarela já havia se manifestado antes dos anos 1700, mas foi em 1730, na
Península Ibérica, que se deu a primeira epidemia, causando a morte de 2,2 mil
pessoas. Nos séculos 18 e 19, os Estados Unidos foram acometidos repetidas
vezes por epidemias devastadoras, quando a doença era levada através de navios
procedentes das índias Ocidentais e do Caribe.
No Brasil, a febre
amarela apareceu pela primeira vez em Pernambuco, no ano de 1685, onde
permaneceu durante 10 anos. A cidade de Salvador também foi atingida, com cerca
de 900 mortes em seis anos.
A realização de
grandes campanhas de prevenção possibilitou o controle das epidemias, mantendo
um período de silêncio epidemiológico por cerca de 150 anos no país. A última
ocorrência de febre amarela urbana no Brasil foi em 1942, no Acre.

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