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Eunápolis – Hospital Regional precisa entender que pacientes são seres humanos e não números

 



Vícios comportamentais de “gerentes” incompetentes e sem visão, com normas sem nexo, provocam sofrimento a quem precisa de atendimento

Durante vários anos, inúmeras queixas sobre atendimentos e procedimentos médicos do Hospital Regional de Eunápolis se multiplicaram, deixando as pessoas temerosas de efetuar qualquer procedimento no local.

Uma das coisas que a equipe do Bocão 64 percebeu ao longo dos anos, no hospital e nos postos de saúde, é a falta de interesse de alguns profissionais em diferenciar números de seres humanos. Na maioria dos casos, pessoas simples e humildes, necessitadas de tratamento, são humilhadas ou desrespeitadas, não com atitudes daqueles profissionais, mas com a falta de interesse em perceber que por trás de cada paciente, existe um ser humano, com suas aflições, seus medos e suas dores.

Um dos exemplos aconteceu (repetidamente) com o redator deste site. Há uns 10 dias o nosso profissional apresentou uma crise de hipertensão (22 X 12), procurou o hospital, não levou os documentos, só o cartão SUS e isso gerou momentos de desespero. O atendente disse que as famosas “normas” exigem documentos para dar entrada no hospital. Depois de muita conversa, ele resolveu abrir o computador e conferir os dados constados, para em seguida realizar os procedimentos, lembrando que não havia um profissional de enfermagem para a triagem. No resto, foi tudo bem.

Neste domingo, 10/01/2021. Nosso profissional teve outra crise de hipertensão e foi ao hospital, onde foi muito bem atendido pelo primeiro atendente (balconista) e depois pela enfermeira da triagem. Entretanto, não conseguindo ser atendido pelo médico, no primeiro momento (não sabemos porque, após quase duas horas), voltou para casa e retornou à tarde, onde conseguiu ser atendido pelo médico e foi aí que começou outro grande problema: O médico se recusou a passar uma receita, alegando que as “famosas normas” proibiam o feito. Houve aumento de tom de voz de ambos os lados, sem ofensas verbais.

Os argumentos do médico bateram como martelada na cabeça do paciente, pelo fato de que pessoas necessitadas poderiam morrer, com aquela atitude.

Nosso profissional tem condições de comprar o medicamento, se a farmácia vender sem receita, mas milhares de pessoas que procuram o hospital, não tem condições financeiras de comprar esses remédios. Na maioria das vezes, falta um real para o pão do café da manhã, ou para o ovo do meio dia.

O médico não passa a receita, obrigando o paciente procurar o posto de saúde, mas os postos de saúde determinam erroneamente, um dia apropriado para marcar a consulta que é limitada para uma quantidade de fichas. Algumas vezes o paciente tem que esperar uma semana para marcar essa consulta. Marcada a consulta, o paciente vai esperar mais uma semana ou mais para ser atendido pelo médico, que algumas vezes não comparece. Nesse meio tempo, se passam em média 15 dias.

O médico se esqueceu (ou não sabe... será?), que pressão alta mata. Hipertensão pode gerar AVC, infarto ou algo mais. Um paciente sem dinheiro para comprar o medicamento, vai com certeza arriscar a vida durante a espera pelo atendimento marcado pelo posto de saúde, o que gera uma perguntinha boba:

Custava nada o médico se lembrar do juramento, “descer da plataforma”, aviar a receita e contornar todo esse problema? Afinal de contas ele, mais do que ninguém, sabe muito bem que o paciente não pode esperar dias para começar a tomar o medicamento que é de vital importância.

Se o problema do paciente dependesse de médicos especialistas, obviamente o médico teria toda a razão em não aviar a receita, mas num caso como esse, foi simplesmente uma falta de respeito pelo ser humano. O médico não viu um paciente na sua frente, mas apenas um número a mais no seu dia de serviço, para desespero do paciente que deixava claro que médicos são formados para salvar vidas e não para cumprir normas. Uma vergonha que precisa ser corrigida.

O problema é recorrente de governos anteriores. Temos certeza que a nova prefeita não conhece esses pormenores.

Uma outra coisa que nos deixa de queixo caído é o fato de os postos de saúde só marcarem exames num determinado dia da semana, um vício que acontece há décadas. Um simples caderno no balcão (que custa uma merreca) serviria para a marcação em qualquer dia. O paciente vai, a atendente confere o dia do exame, marca, o paciente volta para casa e aguarda a data. Infelizmente, todos os dias, dezenas de pessoas dão viagens perdidas aos postos e tem que voltar no dia informado e enfrentar filas. Muitas pessoas não tem o dinheiro do transporte coletivo ou sofrem de algum mal que dificulta seu deslocamento.

O que notamos, enfim, é que quase toda a equipe está impregnada de pequenos vícios adquiridos ao longo do tempo e precisam entender que gente é gente e precisa ser tratada com tal. As normas criadas por antigos pseudos-administradores ferem o significado mais profundo da palavra “Ser Humano” e precisam ser mudadas, principalmente em função da pandemia, para evitar exposição dos pacientes em ambientes de riscos.

A prefeita Cordélia, pelo visto, vai ter que suar para colocar a casa em ordem.


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