Risco de
conflito alçou preço do barril de petróleo ao maior nível em sete anos e
deve refletir nos valores da gasolina e do diesel
O
recente agravamento das tensões entre Rússia e Ucrânia pôs o mercado
global de combustíveis em alerta e já reflete nos preços do petróleo no mercado
internacional. O cenário tende a resultar em novos reajustes dos preços da
gasolina e do diesel nos postos brasileiros ao longo dos próximos dias.
Nesta
quinta-feira (27), as incertezas que envolvem a Rússia, o segundo maior
produtor de petróleo do mundo, elevaram o preço do barril do Brent, tido como
referência para o valor global do combustível, que superou R$ 485 (US$ 90)
pela primeira vez em sete anos em meio. Somente em janeiro, o combustível
fóssil acumula alta de 15%.
Joaquim
Racy, economista e professor de política internacional da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, diz que o primeiro impacto da crise, já apresentado
pelos indicadores, está relacionado justamente às cotações do petróleo, da
energia e do gás.
"Isso
já está acontecendo e, se eventualmente ocorrer uma escalada [das tensões], vai
piorar. [...] Além do preço, há uma chance de desabastecimento, que pode trazer
consequências inevitáveis para o mundo inteiro", afirma Racy, ao citar a
dependência que alguns países têm dos recursos exportados pela Rússia.
O
reflexo da movimentação deve refletir no encarecimento dos combustíveis no
Brasil, já que um dos critérios adotados pela Petrobras para a definição dos
valores cobrados nas refinarias é justamente a cotação do petróleo no mercado
internacional. Questionada pelo R7, a estatal afirmou que "não
antecipa informações de reajustes, que são anunciados cerca de 24h antes de
entrarem em vigor".
Vale
lembrar que os preços de combustíveis de veículos já foram os principais
vilões da inflação em 2021, com disparada de 49% entre os meses de janeiro
e dezembro. Os destaques partiram do etanol (+62,2%), da gasolina (+47,5%) e do
diesel (+46%), de acordo com dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Apesar
de observar que os conflitos trazem "consequências sérias" para o
Brasil, Racy atenta que a eventual aproximação entre o presidente Jair
Bolsonaro e Vladimir Putin pode minimizar o impacto geopolítico da crise
nas relações comerciais brasileiras. “Se fala que o Brasil pode se sair
bem por mudar o eixo da sua política externa”, destaca o economista.
Imagem da capa: Pexels /
Pixabay
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