À época, a mexicana
Karla Jacinto afirmou que foi forçada a dormir com pelo menos 30 homens, todos
os dias, durante 4 anos
Apesar de parecer
coisa de “ficção” para muita gente, segundo a Organização das Nações Unidas
(ONU), o número de pessoas vítimas de tráfico humano, por ano, impressiona.
O Relatório Global
sobre Tráfico de Pessoas, lançado em Viena em 2021, aponta que cerca de 50
mil vítimas foram detectadas e denunciadas em 148 países em 2018.
O Escritório da ONU
sobre Drogas e Crime, Unodc, destaca que o número real de vítimas traficadas
pode ser muito maior pela natureza oculta desse crime, um verdadeiro submundo
silencioso.
À esquerda, Karla com 12 anos quando foi sequestrada
Um caso divulgado
pelos jornais em 2017 ficou marcado na história pela crueldade impressionante
com uma garota sequestrada com apenas 12 anos, a mexicana Karla Jacinto.
Após ser sequestrada
para “servir” de escrava sexual para uma “multidão” de pedófilos, ela foi
estuprada mais de 43.000 vezes ao longo de 4 anos, quando foi resgatada aos 16
anos.
No México, as gangues
que comandam o sistema de sequestro de pessoas são implacáveis e impiedosas.
Karla contou sua história em 2017, quando tinha 23 anos. Ela afirmou à CNN
que era forçada a dormir com pelo menos 30 homens, diariamente.
Estima-se que no
México, todos os anos, mais de 20.000 mulheres são vítimas de sequestro para
serem escravas sexuais.
Um homem de 22 anos
atraiu Karla, que vivia na extrema pobreza, com doces e presentes, até conquistar
sua confiança e ser levada para Guadalajara, famosa cidade mexicana, onde
revelou ser “cafetão”.
Forçada à
prostituição, ela foi roubada de sua infância. Ela disse à CNN que trabalhava
14 horas seguidas, diariamente, sendo enviada à força para prostíbulos, motéis,
casas, ruas e em qualquer lugar que seus “clientes” pedófilos estavam.
Não existia folga.
Não existia descanso. “Alguns homens riam de mim porque eu chorava. Tinha
que fechar os olhos para não ver o que estavam fazendo comigo”, disse Karla, de
acordo com o jornal The Sun.
As agressões não eram
apenas sexuais e psicológicas, mas também físicas. Karla sofria ataques do
cafetão com chutes e socos, além de atos de tortura, como queimaduras com ferro
quente.
Suas esperanças de
ser salva foram frustradas quando policiais invadiram um bordel onde
estava trabalhando e não salvou as garotas, mas começaram a filmá-las em
posições íntimas.
Segundo ela, eles
sabiam que todas eram menores de idade, algumas com 10 anos apenas, e ignoraram
o fato de serem escravas. A invasão não resultou em liberdade para as inocentes.
Aos 15 anos, Karla
deu à luz uma menina, mas a criança foi retirada pelo cafetão sequestrador um
mês depois, sem saber o que foi feito do recém-nascido.
Este período horrível
finalmente terminou em 2008 durante uma operação de combate ao tráfico na
Cidade do México — capital do país. Desde então, Karla começou a lutar para
conscientizar sobre a crise do tráfico humano no México que parece ter sido
“normalizado”.
Sua história
demonstra o submundo do tráfico humano que se tornou extremamente lucrativo e
praticado em todo o mundo — mesmo assim, muitas pessoas têm dificuldade em
acreditar que ele possa existir.
FONTE(S):
CNN / The Sun / ONU Imagens: Divulgação
/ CNN