O Verão, sobretudo na Bahia, é um
convite às festas, praias, diversas atividades ao ar livre e também aos
exageros. E, por conta dos excessos, a estação mais quente do ano também exige
cuidados redobrados com a saúde, inclusive com os olhos. “De modo geral, o sol
e o calor estimulam as pessoas à socialização e ao contato mais próximo, mas é
recomendável avaliar os riscos e evitar as aglomerações típicas dessa época do
ano, uma vez que favorece o contágio por vírus e bactérias que
podem ocasionar conjuntivites e também pelo próprio novo coronavírus”, orienta
o oftalmologista José Fabiano Menezes.
O que é muito bem-vindo nas
altas temperaturas, sem precauções, também pode se tornar um vilão. Sol, vento
e o uso frequente de ar-condicionado podem levar ao ressecamento ocular e à
ceratite – inflamação na córnea. Além disso, como informa o
oftalmologista, os efeitos nocivos da radiação solar são cumulativos, podendo
acarretar problemas a curto, médio e longo prazos, que vão desde queimaduras
nas pálpebras (fotodermatite), conjuntiva (fotoconjuntivite) e córnea
(fotoceratite), até a aceleração de lesões relacionadas ao
envelhecimento da pele das pálpebras (fotoenvelhecimento), do cristalino
(catarata) e da retina (degeneração da mácula relacionada à idade) ou ao
processo inflamatório crônico, com o surgimento do pterígio e de tumores
malignos palpebrais e oculares.
Vale lembrar que o período é
voltado à conscientização sobre o câncer de pele. Mas o alerta também deve ser
estendido para os cuidados com a região dos olhos. De acordo com José
Fabiano Menezes, alguns tumores palpebrais têm íntima relação com a exposição
excessiva à radiação ultravioleta (UV), como os carcinomas
espinocelulares. Assim, para evitar maiores riscos, é fundamental proteger-se
com boné, chapéu, sombrinha e óculos escuros, como também evitar o sol nos
horários de pico de emissão UV.
“A exposição excessiva à radiação
solar danifica a delicada pele das pálpebras causando desde rugas até câncer de
pele. Então, invista em óculos de sol de qualidade e com 100% de proteção UV.
Armações que oferecem ampla cobertura, protegendo também as pálpebras, são
convenientes para aqueles que não são adeptos a chapéus. Mesmo em dias
nublados, saiba que os raios do sol atravessam a névoa e são tão nocivos quanto
em um dia bem ensolarado”, diz o especialista.
Qualquer idade
O médico oftalmologista explica que
a boa higiene é a principal recomendação para todos, seja qual for a
estação. “Evite tocar nos olhos com as mãos sujas. Higienizar bem as mãos,
lavando com água e sabão e, quando não for possível, usar álcool em gel 70% são
as dicas mais efetivas na prevenção de doenças”, comenta o oftalmologista.
Para ele, todas as faixas etárias merecem atenção nos cuidados com a saúde
ocular no Verão:
- Crianças: Não esquecer de
protegê-las com chapéu. Óculos escuros não são acessórios exclusivos para uso
adulto! Existem óculos escuros específicos para essa faixa etária, resistentes
ao impacto e à água.
- Jovens e adultos: Lembrem-se
de que é altamente contraindicado o uso de lentes de contato em praia,
piscina e mar. Providenciem óculos escuros, de natação ou de mergulho com
grau.
- Idosos: Além dos cuidados
básicos, vale dar uma atenção especial à proteção da pele, que é naturalmente
mais fina nessa faixa etária, especialmente na região das pálpebras. Além
disso, o colírio lubrificante também é essencial, já que nessa idade o olho
seco é muito mais comum. É importante saber que não é somente o corpo que
necessita de hidratação reforçada no Verão.
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O que é pterígio?
Popularmente conhecido como “carne
no olho” ou “olho de surfista”, o pterígio é caracterizado pelo crescimento de
tecido conjuntival, uma membrana, em um (mais comum) ou nos dois olhos. Apesar
de benigno, esse distúrbio pode causar desconforto, sensação de corpo estranho,
secura, ardor, olhos avermelhados, fotofobia e inflamação ocular. “O pterígio
não leva à perda da visão. No entanto, sua presença pode provocar
alterações da córnea, com aparecimento de astigmatismos elevados que, muitas
vezes, não são corrigidos pelos óculos”, conta José Fabiano.
Por ser mais habitual em pessoas expostas ao sol, mar e vento, o alerta é para a necessidade de a população redobrar os cuidados preventivos, sobretudo para quem reside em regiões mais quentes e pessoas que trabalham e realizam frequentemente atividades ao ar livre. O problema é tão comum que chega a afetar cerca de 25% dos indivíduos de alguns países e regiões. O pterígio é mais frequente entre os 20 e 40 anos de idade. Também é considerado mais corriqueiro em homens do que em mulheres.
Normalmente, é uma lesão que cresce
de forma lenta, ao longo da vida, mas também pode parar de evoluir. Quando os
sintomas são moderados, é possível tratar com colírios anti-inflamatórios ou
lubrificantes oculares. Mas é preciso estar atento ao seu crescimento e
sintomas, além do incômodo estético. Em casos mais avançados, contudo, o
pterígio pode crescer de maneira mais rápida ou cobrir a pupila a ponto de
interferir na visão do paciente. É nessa situação que há necessidade de intervenção
médica. “Nas cirurgias para remoção, é possível usar uma cola biológica, em vez
da sutura, o que diminui muito a possibilidade de volta do problema. No
entanto, há a possibilidade do procedimento induzir ao astigmatismo.
Por isso, só um oftalmologista pode indicar o melhor tratamento”, relata.
O pterígio é um problema mais
típico do Verão, mas a prevenção deve ser constante. “A medida mais eficaz
para prevenir o pterígio é fazer uso de óculos de sol, com proteção à radiação
ultravioleta. Pessoas que andam de moto, bicicleta ou mesmo carro com os vidros
abertos devem evitar que o vento atinja diretamente os olhos, causando
ressecamento e irritação crônica. Nesses casos, o uso de lágrima artificial é
recomendado”, comenta José Fabiano Menezes. “É importante que as
pessoas não esperem ter sintomas para procurar um oftalmologista. Um check-up
anual é fundamental para a boa saúde dos olhos, antecipando futuros problemas”,
conclui.
Por Lume
Comunicação Integrada
Foto da capa: Skitterphoto/Pexels
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