CRIME FOI EM 2014;
CONDENADO ERA VIZINHO DA VÍTIMA
O motorista Ismael de Jesus Moraes, 31 anos, foi
condenado nesta terça-feira (5) a 22 anos e seis de prisão pelo estupro e morte
da adolescente Cassiane Lima, 15, em Teixeira de Freitas, no Extremo Sul da
Bahia. O crime aconteceu em 2014.
O julgamento começou ontem e durou 16 horas, terminando
na madrugada de hoje (05/12/2017). O motorista era vizinho da adolescente, que
foi assassinada e teve o corpo escondido em uma plantação de eucalipto às
margens da BR-101. O corpo foi encontrado seis dias depois que a adolescente
desapareceu.
Ismael foi acusado por homicídio triplamente
qualificado e ocultação de cadáver. A defesa pode recorrer. Ele está preso no
presídio de Teixeira de Freitas.
CRIME
A estudante Cassiane Lima dos Santos havia sido vista pela última vez no
dia 27 de novembro de 2014, quando a mãe se despediu dela para ir ao trabalho.
Ao retornar para casa, no horário de almoço, a mãe ficou preocupada pois a
menina havia sumido.
"Quando ela viu que a menina não estava em
casa, e que o celular tinha ficado, ela se preocupou", disse a então
titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Cátia Guimarães,
ao Correio24horas.
A menina ficava em casa pela manhã, enquanto os
dois irmãos mais novos iam para a escola. De tarde, a situação se
invertia. "Ela tinha um relacionamento excelente com a família.
Jamais sairia de casa sem deixar um bilhete para a mãe, avisando onde
estava", contou a titular.
A cama da menina estava molhada de xixi, e
somente a roupa que a menina usava de manhã, um babydoll, não estava em
casa. A porta da residência também estava aberta. A mãe de Cassiane
informou o desaparecimento à polícia da cidade, que passou a investigar o caso.
VIZINHO SE TORNA SUSPEITO
No dia seguinte, a mãe lembrou de um fato importante: Cassiane já tinha sido
assediada anteriormente pelo vizinho delas, Ismael de Jesus Moraes. O suspeito
é casado e tem três filhos com a companheira. Ele trabalhava como motorista de
uma cervejaria na cidade.
Na noite anterior ao crime, a família dele tinha
dormido na casa da sogra do motorista, e ainda não tinha retornado. Ainda
segundo a polícia, ele já tinha sido preso anteriormente por desmanche e
receptação de carros roubados, além de também responder por estupro de
vulnerável na cidade de Prado, em 2007.
"Ela nos informou de um buraco entre os
muros das casas vizinhas e de que ele poderia ter passado por ali, como já
havia feito anteriormente", relata a delegada Cátia.
"Verificamos que no dia em que Cassiane desapareceu, Ismael chegou no
trabalho com quase uma hora de atraso, e justificou dizendo que tinha passado
mal", conta.
Testemunhas do caso foram ouvidos pela polícia,
e alguns fios de cabelo foram encontrados no porta-malas do carro do acusado. A
mãe da jovem reconheceu a possibilidade dos fios serem da filha, e a polícia
coletou material dela para realizar um exame de DNA.
Durante este processo, o motorista foi ouvido na
8ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin). "Ele entrou em
algumas contradições, e por causa disto entramos com o pedido de prisão
temporário dele", afirma a delegada Cátia.
PAI IMPLORA PARA QUE FILHO CONFESSE O
CRIME; JOVEM FOI ESGANADA POR VIZINHO
Ismael foi preso pouco depois. "O pai dele, que já sabia que o filho tinha
feito algo com Cassiane, implorou para que ele contasse tudo", relata a
titular. Foi quando o motorista confessou o crime e apontou o local onde deixou
o corpo da estudante.
Cassiane foi encontrado em uma fazenda de
eucaliptos situada a 30 quilômetros de Teixeira de Freitas. A jovem estava com
um arame no pescoço, e sem a parte de baixo do babydoll. Segundo a polícia, a
perícia inicial apontou que houve abuso sexual, mas Ismael nega.
"Ele disse que entrou na casa e tentou
ficar com ela, mas que a garota não quis e reagiu. Por conta disso, ele começou
a esganá-la e em seguida quebrou o pescoço dela", conta a delegada.
O acusado não percebeu que a vizinha tinha morrido
e achou que a garota apenas sofreu um desmaio. "Ele então pegou um arame,
terminou de sufocar a menina, colocou ela no fundo do carro e jogou o corpo
neste local [no campo de eucaliptos]".
Quando o motorista saiu do trabalho, ele voltou
ao local do crime e enterrou o corpo de Cassiane em uma cova rasa, coberta com
folhas de palmeiras.
"Ele nega que estuprou a jovem, mas a
perícia aponta que houve abuso sim. No entanto, a confirmação da violência
sexual só poderá ser feita depois que o resultado dos laudos saírem, em até 20
dias", afirma a delegada Cátia. Os exames foram enviados para Salvador.
Matéria publicada em 05/12/2017 – Fonte: Correio 24 Horas