Desse total, 50
mil estão em Salvador; teste rápido é gratuito e pode ser feito nos postos de
saúde
Cerca de 150 mil baianos convivem com
a hepatite C e não sabem que possuem a doença. Desse total, 50 mil estão
em Salvador. A estimativa é do Comitê Estadual de Hepatites Virais.
Especialistas alertam que é uma doença grave e silenciosa, mas que o
diagnóstico pode ser obtido através de um teste rápido, que é realizado sem
custos nos postos de saúde e com resultado em 20 minutos. O tratamento também é
gratuito, e a cura pode ser alcançada após três meses de uso de medicamento.
"A partir deste ano, os
portadores de hepatite C podem contar com um medicamento eficaz que cura
95% dos casos em um intervalo de três meses. O Brasil quer erradicar a doença
até 2030", explica Maria Isabel Schinoni, vice-coordenadora do
Comitê, professora da Faculdade de Medicina da Ufba e médica do setor de
gastro-hepatologia do Hospital das Clínicas.
De
acordo com a hepatologista, o número de casos não diagnosticados no estado,
baseado na prevalência, é preocupante, por se tratar de uma doença totalmente
silenciosa. "Quando aparecem os sintomas, já é tarde, pode ocorrer uma
cirrose e evoluir para um câncer de fígado", alerta.
O público-alvo
para o teste rápido são as pessoas que possuem mais de 45 anos ou que
fizeram uso de seringas não descartáveis, pacientes com diabetes, ou
que fizeram transfusão ou grandes cirurgias antes de 1992, além dos
pacientes que fazem hemodiálise.
"Uma
vez diagnosticada a doença, a pessoa passa a receber o tratamento, que é caro,
de graça, podendo tratar e curar a doença. Antes, a medicação era mais
agressiva, provocava efeitos colaterais e o tratamento era mais longo. Isso não
existe mais", explica a médica, destacando que a hepatite C é a
segunda causa mais frequente de transplante de fígado.
Os
sintomas também podem ser manifestados fora do fígado. É que a doença pode
atingir as articulações, provocar problemas renais e de pele. "A doença
pode levar até 30 anos incubada. A vantagem é que é curável, temos drogas boas
para o tratamento, diferente do HIV, que não tem cura".
Grave problema de saúde pública
As hepatites virais são consideradas um grave problema de saúde pública.
Com a falta de diagnóstico precoce, a hepatite pode evoluir, provocando
cirrose, câncer de fígado, doenças de pele, renal e até diabetes, quando não
tratada adequadamente.
Ao
todo, são cinco tipos: A, B, C, D, E. Sendo que na A e na E, a forma de
contaminação é fecal-oral, enquanto as hepatites B, C e D são transmitidas pelo
sangue (via parenteral, percutânea, vertical), esperma e secreção vaginal (via
sexual).
Casos confirmados de hepatites virais na Bahia no período 1999-2017
|
||
Tipo
|
Número total
|
Porcentagem
|
Hepatite
A
|
9202
|
18,3%
|
Hepatite
B
|
6363
|
30,1%
|
Hepatite
C
|
4634
|
38,7%
|
Hepatite
D
|
43
|
20,7%
|
Julho Amarelo
Para
prevenir a transmissão e combater a doença, julho foi designado o mês de luta,
prevenção e controle das hepatites virais. O “Julho Amarelo”, como ficou
definido por Lei Estadual, visa mobilizar e sensibilizar tanto a sociedade
quanto os profissionais de saúde sobre a importância do diagnóstico. Entre as
ações, estão a orientação para que todo médico solicite o exame para pacientes
acima de 45 anos, além de incentivar as pessoas a realizarem o teste rápido nas
Unidades Básicas de Saúde.
Coordenador do Comitê, o hepatologista Raymundo Paraná explica
que as hepatites B e C associam-se frequentemente a complicações como a cirrose
hepática e o carcinoma hepatocelular. A hepatite B infecta hoje 300 milhões de
habitantes no mundo e cerca de 1 milhão de brasileiros e tem uma relação
muito próxima com o câncer de fígado.
No entanto, embora a vacina para a hepatite B seja
disponibilizada na rede pública, a procura não é suficiente, motivo pelo qual
as campanhas servem de alerta”, ressalta o médico. Já os testes rápidos,
voltados para identificar os tipos B e C, também são disponíveis na rede
pública, e os resultados saem com cerca de 20 minutos.
Óbitos por hepatites virais na Bahia no período 2000-2017
|
|||
básica
|
associada
|
total
|
|
Hepatite
A
|
41
|
20
|
61
|
Hepatite
B
|
251
|
209
|
460
|
Hepatite
C
|
796
|
713
|
1509
|
Hepatite
D
|
4
|
5
|
9
|
Fonte: Ministério da Saúde
|
Saiba mais sobre as hepatites virais
É uma doença crônica do fígado que pode ser decorrente de diversas causas.
Algumas das mais comuns são as hepatites C e B, que, por serem doenças
silenciosas, muitas vezes podem passar despercebidas. Longe de ser
insignificante, a doença hepática crônica é responsável, segundo dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS), pela morte de cerca de 1,4 milhão de
pessoas por ano.
O tradicional Julho Amarelo é uma forma de ampliar as discussões
acerca do diagnóstico precoce e tratamentos das hepatites virais. Dentre os
tipos mais comuns estão a hepatite A, que provoca apenas hepatite aguda e pode
ser transmitida pelo contato oral-fecal entre pessoas ou por alimentos e água
contaminada; a hepatite B transmitida principalmente pela via sexual e a
hepatite C, cuja infecção ocorre por meio de sangue contaminado
(compartilhamento de material perfuro-cortante). Com sintomas que muitas vezes
não são notados, as hepatites B e C podem evoluir para quadros crônicos,
cirrose e câncer de fígado. Para um acompanhamento mais adequado e obtenção da
cura, é importante que o diagnóstico seja realizado o mais precocemente
possível.
A doença representa um importante problema de saúde pública. A
hepatite crônica C, por exemplo, tem uma prevalência significativa no Brasil e
no Mundo. Cerca de 2 milhões de brasileiros são infectados cronicamente por
ela; destes, de 10 a 20% irão evoluir para uma cirrose hepática ao longo de 20
anos. (Correi da Bahia).
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Saúde