Delegado fala que pai não
deveria ter feito justiça com as próprias mãos. "Iríamos prender o
assassino do filho dele"
Justiça com as
próprias mãos. Foi o que o trabalhador Florisval Silva fez ao matar com um tiro
na cabeça o assassino do filho de 22 anos, João Pedro Bento da Silva.
Florisval foi preso na manhã desta segunda-feira (6) e confessou o crime
cometido no dia 1º de maio: “Primeiro ele riu na minha cara quando perguntei
por que tinha matado meu filho. Daí, troquei meu carro por uma arma, dei mais
um dinheiro, voltei e dei um tiro na cabeça dele. Sei que não podia fazer isso,
mas estou com a alma lavada”, disse o pai, já na prisão.
Segundo a polícia,
João Pedro foi morto a facadas por Lincoln Martins na madrugada do dia 1º de
maio, após uma desavença em uma casa a poucos metros da casa do paí da vítima.
O pai foi até o local do crime e confrontou Lincoln, que teria rido na cara
dele. Transtornado, Florisval foi até Curitiba e trocou o carro por uma pistola
9 mm.
“Ele voltou horas
depois e foi até a casa onde estava Lincoln. Chegou lá, sob forte emoção,
questionou sobre a morte do filho e deu um tiro na cabeça do responsável pelo
assassinato. Ele poupou os amigos do Lincoln que estavam no local. Com as
investigações, conseguimos o mandado de prisão temporária para este pai. Ele
foi preso quando chegava ao trabalho e confessou o crime”, disse o delegado
Tiago Dantas, de Almirante Tamandaré.
Muita dor
Florisval Silva falou
à Banda B. Emocionado, disse que sabe que fez coisa errada, mas que na hora
perdeu a cabeça.
“Quando vi meu filho
morto, fui falar com o Lincoln. Ele me disse que se a PM não tinha falado nada
quem era eu pra falar alguma coisa. Sou o pai do rapaz trabalhador que ele
rasgou como se fosse um cachorro. Sou o pai de um menino que nunca fez nada
errado, que cuidou dele desde o primeiro sapatinho. Saí de lá e fui atrás de
uma arma”, contou.
Questionado se estava
arrependido, Florisval disse que sim. “Estou arrependido sim, mas no calor do
momento não tinha o que fazer. Sem dizer que eu seria a próxima vítima do
Lincoln. Tenho certeza”, disse.
Lincoln Martins foi
socorrido com vida logo após ser baleado e morreu no hospital, dois dias
depois.
Polícia ia prender
O delegado disse que
Florisval não deveria ter feito justiça com as próprias mãos. “Iríamos prender
o Lincoln. Estava muito claro que ele era o autor da morte do João pedro. Havia
todo tipo de vestígios, mas ele se precipitou e matou o rapaz. Este não é o
caminho”, afirmou o delegado.
Florisval deve
responder por homicídio privilegiado em razão da forte emoção, informou o
delegado. “Ele cometeu o crime num intervalo de tempo muito curto após a morte
do filho, isso deve atenuar a pena em razão da forte emoção. Devemos indiciá-lo
por homicídio privilegiado, mas a Justiça é que vai decidir o destino deste
pai”, completou.
A polícia concluiu a
investigação da morte de Lincoln, com a prisão de Florisval, mas o inquérito da
morte de João pedro está aberto. “Vamos ouvir outras pessoas e poderemos pedir
a prisão de outros envolvidos na morte de João Pedro”, disse o delegado.
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