Há 17 anos, a empresa de
celulose monitora o período de desova das tartarugas em mais de 35km de praias
no Sul da Bahia. Nessa última temporada, 18.568 ovos de tartarugas foram
registrados pela equipe de monitoramento.
Eunápolis,
25 de julho de 2022 – Anualmente, durante os meses de setembro a abril, as
tartarugas marinhas visitam as praias do Sul da Bahia para fazer seus ninhos e
depositar seus ovos, em sua temporada reprodutiva. Porém, a sobrevivência dos
filhotes nunca foi uma tarefa fácil na natureza, e a Veracel Celulose, por meio
de seu Programa de Monitoramento de Quelônios Marinhos, acompanha as desovas e
o nascimento dos filhotes em mais de 35km de praias, para promover ações de
proteção desses animais. Apenas na última temporada, mais de 18 mil ovos, de
diversas espécies de tartarugas, foram postos na natureza.
O
levantamento feito por consultoria especializada mostra ainda que, de setembro
de 2021 a abril de 2022, houve 280 ocorrências reprodutivas. A maioria delas
(210 casos) foi de animais que prepararam o ninho e realizaram a postura de
ovos. O restante das ocorrências foi de animais que prepararam o local da
desova, mas não realizaram a postura (28 casos) ou ainda ocorrências de
tartarugas que foram até a praia, mas não chegaram a preparar os ninhos (42
casos).
Após
a confirmação da postura dos ovos, o monitoramento efetuado pelo programa da
Veracel sinaliza os locais de desova e realiza a avaliação da permanência do
ninho no local originalmente escolhido pela fêmea. Caso esses ninhos estejam em
áreas de risco que podem comprometer os filhotes, eles são transferidos pela
equipe especializada para um local seguro na mesma praia. Nessa última
temporada reprodutiva, foi necessário transferir apenas três ninhos para locais
mais seguros, e a grande maioria pôde seguir o seu ciclo natural no local onde
foram depositados pelas fêmeas. O programa, executado em alinhamento com as
diretrizes do Centro TAMAR/ICMBio, prevê a menor quantidade de intervenção
possível ao curso natural do processo reprodutivo.
“Um
dos objetivos do nosso programa de monitoramento é proteger a temporada
reprodutiva das tartarugas marinhas de quaisquer ameaças externas causados por
humanos ou por suas atividades. Outra meta é de garantir que, ano a ano, as
operações da Veracel no Terminal Marítimo de Belmonte não estejam causando
nenhum impacto na reprodução das espécies nas praias da região, fato que tem
sido comprovado por esses 17 anos de monitoramento”, explica Tarciso Matos,
coordenador de Meio Ambiente da Veracel Celulose.
Dentre
as ocorrências com desova, um total de 167 ninhos foi acompanhado com sucesso.
Os demais foram predados por animais, tiveram perdas ocasionadas pela maré ou
lidaram com outras dificuldades naturais. Foram contabilizados 18.568 ovos, com
média de 110 ovos por ninho. Desse total, a estimativa é de que nasceram 14.261
filhotes de tartarugas, tendo em vista que 4.307 ovos se mantiveram íntegros
nos ninhos, sem sinais de eclosão.
“A
estimativa de filhotes nascidos nesta temporada está bem similar à da temporada
de 2020/2021 e dentro das expectativas para o período reprodutivo. A variação
no quantitativo de nascimentos é natural, pois está associada ao comportamento
reprodutivo de cada indivíduo e espécie, uma vez que já é de conhecimento que
as fêmeas se reproduzem em ciclos reprodutivos distintos por espécie.”, explica
Milena Vitali, gestora de projetos do CTA, empresa responsável pela execução do
monitoramento.
Existem
cinco espécies de tartarugas marinhas no Brasil e todas já tiveram registro de
desova na região do monitoramento. Nessa temporada, os ninhos da espécie
tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) foram os mais
predominantes, seguidos pelos ninhos de tartaruga-oliva (Lepidochelys
olivacea) e de tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), sendo que esta
última é considerada criticamente ameaçada (IUCN 2021-3) e em perigo (Portaria
MMA Nº 148, de 7 de junho de 2022). A temporada deste ano também teve ninhos de
espécies que não puderam ser determinadas.
Com
relação aos eventos não reprodutivos (encalhes), a temporada 2021/2022
registrou 13 ocorrências, sendo 12 delas da espécie tartaruga-verde (Chelonia
mydas) e uma delas da espécie tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), todas
na fase de vida juvenil.
O Programa de Monitoramento de
tartarugas marinhas
Realizado
pela Veracel desde 2005, o programa contempla a execução de cerca de 200 horas
de monitoramento mensal, diurno e noturno, em 35 km de praias. Realizado
durante todo o ano, o trabalho é intensificado nos meses que contemplam a
temporada reprodutiva das espécies de tartarugas marinhas.
Somente nas últimas seis temporadas de desova, foram registrados mais de
100.000 nascimentos de tartarugas na região do monitoramento da companhia.
O Programa também contempla o monitoramento da incidência de iluminação
artificial nas adjacências do Terminal e ações de conscientização e diálogo
sobre a proteção do meio ambiente com as pessoas da empresa e a comunidade.
As atividades têm metodologia e periodicidade definidas e estão respaldadas por
Autorização para Manejo de Fauna, emitida pelo Instituto do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos (INEMA).
Além do acompanhamento da reprodução dos animais, o Programa também realiza o
registro da presença de quelônios encalhados nos trechos monitorados e está
construindo o primeiro Centro de Reabilitação de Quelônios do Sul da Bahia. O
espaço será gerido por biólogos e médicos veterinários contratados pela Veracel
e já deve estar em plena operação no início da próxima temporada reprodutiva de
2022, em setembro. O Centro será o único na região autorizado a reabilitar
esses animais para que possam ser reinseridos no meio ambiente.
“O Centro será a peça que faltava em nosso trabalho do Programa e terá
capacidade para reabilitar quatro animais ao mesmo tempo, muitos inclusive de
espécies ameaçadas de extinção, o que nos permitirá realmente salvar vidas.
Além disso, o espaço será autorizado a realizar autópsias para diagnosticar as
causas de mortes das tartarugas, gerando indicadores que contribuirão muito com
novas ações de educação ambiental e de proteção das espécies no Sul da Bahia”,
afirma Tarciso.