Após dois anos sem Carnaval por
conta da pandemia de Covid-19, os baianos vão poder voltar à folia, mas é
preciso redobrar os cuidados com a saúde, inclusive dos olhos, que ficam
muito vulneráveis nesta época do ano, em função dos
confetes e serpentinas, e dos excessos no uso de glitter,
maquiagem, cílios postiços e pomadas modeladoras de tranças. Pensando nisso, o
oftalmologista Bernardo Almeida, do DayHORC, clínica que integra o Grupo Opty
na Bahia, dá dicas para que incidentes não atrapalhem a festa do folião.
Maquiagens e cílios postiços
Um dos alertas é verificar se os
produtos estão dentro do prazo de validade e se são de procedência conhecida.
As falsificações estão cada vez mais sofisticadas e pagar mais barato por algo
que pode provocar alergias e infeccionar os olhos não vale a pena.
Escolhida a maquiagem, lembre-se
que tudo é de uso individual. “Ao compartilhar produtos e objetos que entram em
contato com os olhos, como pincéis e máscaras de cílios, se alguém estiver com
alguma infecção ocular, seja por vírus ou bactéria, todo o grupo que usar a
maquiagem poderá se contaminar”, explica Bernardo Almeida.
As sombras brilhantes e produções
com glitter são as preferidas, mas inspiram cuidados. O glitter convencional é
composto por pedacinhos de plástico, não somente inimigo da natureza, mas
também com potencial para arranhar a córnea. Menos nocivas, as opções
ecológicas também merecem atenção. “São partículas muito pequenas que, em
contato com os olhos, podem causar alguma irritação, alergia ou lesionar os
olhos. O mesmo pode ocorrer com as chamadas pinturas artísticas, que se
estendem por todo o rosto. Devemos lembrar que, sob o sol e com o suor, as
substâncias da tinta podem escorrer. Especialmente em crianças, o
recomendado é não pintar a região dos olhos, pois é mais sensível nos
pequenos foliões”, diz o especialista.
O médico também chama a atenção para o uso de cílios postiços, que, nessa época do ano, ganham cores e ficam ainda maiores. “As alergias e problemas normalmente são causados pela cola. Por isso, preste máxima atenção para não utilizar a conhecida supercola, o que pode levar, inclusive, à perda dos cílios naturais. Neste caso, a melhor recomendação é curtir o Carnaval sem esse artefato”.
Bernardo Almeida ainda faz um
alerta para quem usa óculos de grau. “O ideal é usar lente de
contato recomendada por um oftalmologista e sempre com as mãos
higienizadas, uma vez que estamos falando de uma festa que envolve
multidão. Assim, o folião fica menos vulnerável a possíveis traumas na região
dos olhos”.
Higiene sempre
Não deixe o cansaço falar mais
alto. É muito comum se esquecer de tirar as lentes de
contato antes de dormir ou deixar de lado os cuidados básicos com a higiene
durante o Carnaval. “O ritual diário de limpeza precisa ser mantido,
colocando-as em local e solução adequados. Lave as mãos antes de manuseá-las e
evite o contato com a água do mar e da piscina”, explica. Uma dica é
optar por lentes de descarte diário.
Da mesma forma, a oftalmologista
reforça que a limpeza com produtos específicos para remover maquiagem é
necessária para retirar qualquer resquício de produto e evitar irritações.
Portanto, nada de dormir antes de lavar bem o rosto.
Pomadas modeladoras
Febre na atualidade, as pomadas
modeladoras de tranças tornaram-se um problema para os seus usuários. Isso
porque muitas delas possuem uma substância em sua composição – propilenoglicol
– que pode provocar incômodos oculares e até mesmo cegueira temporária. “Usada
geralmente em excesso, a pomada tende a entrar em contato com os olhos quando
escorre, seja por conta do suor, da chuva ou do vapor do banho. Na prática, ela
provoca uma ceratite química, que leva à inflamação da córnea. Os sintomas
costumam ser dor intensa, ardência, sensibilidade à luz e embaçamento
visual”, relata Bernardo Almeida, ressaltando que, recentemente, a Anvisa
suspendeu a comercialização de diversas pomadas para cabelo por conta dos
problemas causados. O médico orienta, portanto, não fazer uso das pomadas modeladoras
e, caso isso aconteça, é fundamental buscar atendimento oftalmológico imediato
para tratamento, em caso de incômodo ocular.
Proteja-se do sol
Em vários blocos de rua, a folia
acontece durante horários com alta incidência de raios ultravioleta. Em função
disso, Bernardo Almeida informa que, além do protetor no rosto e no corpo, é
fundamental utilizar óculos escuros (de boa qualidade e com garantia que
apresentam proteção contra os raios ultravioleta) e bonés ou chapéus para
resguardar os olhos dos raios solares, capazes de causar queimaduras iguais às
observadas na pele. “Mesmo nos dias nublados, os raios UVA e UVB podem causar
problemas à visão”, reforça.
Em época de Carnaval, os óculos de
sol também ganham outra função: proteger os olhos de confetes, serpentinas,
espumas e sprays, que possuem substâncias químicas capazes de causar
vermelhidão e até dor intensa. “Em contato com esses produtos, lave os olhos
imediatamente, com água corrente ou soro fisiológico fechado, e não esfregue a
região. Se isso não aliviar os sintomas, procure um atendimento médico o mais
rápido possível”, orienta o oftalmologista.
Conjuntivite
Nas estações mais quentes do ano, o
risco de conjuntivite infecciosa (viral ou bacteriana) é maior – e é
potencializado com a concentração de muitas pessoas no mesmo local, como em
bloquinhos, trios elétricos e festas carnavalescas. “Nessas ocasiões, para
impedir possíveis contágios, evite coçar os olhos e compartilhar acessórios
como óculos e máscaras. Além disso, cuidado com o trauma direto. Evite o
empurra-empurra e os espaços mais lotados”, conclui o médico.
Lume
Comunicação Integrada
Foto da capa: Jeffry Surianto/Pexels