UM DOS CRIMES QUE MAIS CHOCARAM O RIO DE JANEIRO CAUSA COMOÇÃO ATÉ OS DIAS DE HOJE
Seguindo a linha de curiosidades, o Bocão 64 trás hoje uma história comovente que aconteceu no passado, mostrando o lado cruel e monstruoso de uma pessoa obcecada por desejos de vingança, num crime passional.

Entretanto, Antônio escondia um segredo: estava se relacionando com outra mulher. Ele a conheceu em um trem, enquanto ia cumprir suas obrigações diárias. Seu nome era Neyde Maria Maia Lopes, tinha 22 anos e era fã do escritor Nelson Rodrigues e de livros de mistério.
O que era para ser uma aventura rápida foi virando parte da rotina de Antônio. Durante três meses, eles tiveram encontros constantes e intensos.
Neyde sabia que algo estava errado com o seu novo namorado, mas não tinha coragem de perguntar e encerrar o romance. Até que um dia, um amigo próximo de Antônio e que sabia da situação – talvez por peso na consciência, talvez por interesse próprio – revelou à Neyde o que era escondido até então: seu atual namorado tinha casa, esposa e dois filhos.
“Seu atual namorado tinha casa,
esposa e dois filhos”
Recebendo a notícia no susto, Neyde fraquejou, entrou em desespero e foi logo cobrar satisfações do amado. Ela disse então que não aceitaria tal situação e que ele teria uma semana para acabar com o casamento.
É claro, Antônio relutou, disse que não era bem assim e tentou equilibrar trabalho, casa, esposa, filhas e amante. Você já deve conhecer essa história.
NASCE UMA IDEIA MALIGNA

Com esses pensamentos fervilhando em sua mente, ela passou a executar um plano que durou nada menos do que seis meses. Descobriu onde a família de Antônio morava, cercou a residência, anotou hábitos e conheceu bem o rosto de sua rival: Nilza.
Um dia, ela tomou coragem e bateu na porta da casa:
– Nilza, tudo bem? Você se lembra de mim?
– Oi, tudo bem. Desculpe, mas não me recordo.
– Nós estudamos juntas!
– No Duque de Caxias?
– Isso mesmo.
E foi com essa história inventada que a amante se aproximou da esposa e conquistou sua confiança. Ela também conheceu as crianças: Tânia e Solange, duas adoráveis meninas.
Aos poucos e com perguntas certeiras, Neyde ia descobrindo tudo de que precisava para dar o próximo passo em seu plano. Certo dia, perguntou para Nilza do que Antônio mais gostava no mundo. Sem nem imaginar o mal que estava por vir, ela respondeu que a pequena Tânia era a luz dos olhos do pai.
Foi aí que Neyde teve, pela primeira vez, o pensamento que mudaria para sempre a vida de todos os envolvidos no caso. Ela decidiu então que precisava se aproximar mais da garota, levando doces e presentes.
Os meses se passaram. Em um dos encontros com Antônio, Neyde se levantou da cama e disparou:
– Antônio, você gosta mesmo da Nilza?
“Ou você termina com a sua esposa
ou eu mato a sua família inteira”
Assustado com a revelação de que a sua amante sabia o nome da esposa, Antônio tentou entender a situação. Ela então contou que já havia estado na casa dele e conhecido suas filhas. Não satisfeita, a mulher ameaçou: “Ou você termina com a sua esposa ou eu mato a sua família inteira”.
Antônio não acreditou nesta intimidação nem por um segundo. Levantou-se e, como sempre, chegou em casa como se nada tivesse acontecido.
O DIA FATÍDICO
No dia 30 de junho daquele ano, Taninha, como era chamada carinhosamente a menina de apenas 4 anos, não queria ir à escola. Contrariada, ela foi levada pela mãe para a casa que servia de centro de ensino.

Menos de 30 minutos após o ocorrido, Nilza chegou ao local e se desesperou ao saber que uma estranha havia levado sua filha embora. A notícia se espalhou e logo alcançou os ouvidos do radialista Saulo Gomes, que resolveu acompanhar o caso.
Já na delegacia, a única pessoa com pistas sobre o caso era justamente Antônio: assim que ouviu as características da sequestradora, ele teve certeza de que Neyde estava envolvida no caso.
Enquanto isso, ela havia levado a criança para a casa de uma amiga – Neyde sabia que naquela região havia um matadouro e vários urubus sumiam com as carcaças de animais.
Neyde sabia que naquela região havia um matadouro e vários urubus sumiam com as carcaças de animais

As duas deixaram a casa por volta das 8 horas da noite, passaram em uma venda e Neyde comprou uma garrafa de álcool. Curiosa, a criança perguntou o que era aquilo e, sem hesitar, ela respondeu que Taninha ficaria doente e aquele seria um remédio.
Elas adentraram no matadouro e, enquanto a criança pedia para voltar para a mãe, Neyde pegou uma arma calibre 32 e disparou. Em seguida, despejou o álcool no corpo da garota e ateou fogo.
Ela retirou uma arma calibre 32 e disparou. Em seguida, despejou o álcool no corpo da garota e ateou fogo.
Funcionários escutaram o disparo e descobriram o crime. Porém, quando a polícia chegou, nada mais podia ser feito.
AS CONSEQUÊNCIAS
Neyde deixou o local e foi para casa, sem saber que a polícia já a aguardava. Às 22h30, ela foi surpreendida pelos oficiais e teve a bolsa revistada: a arma do crime ainda estava lá.
Levada à delegacia, ela permaneceu fria e negou qualquer participação no desaparecimento e na morte da criança. No local do crime, ela se recusou a olhar o cadáver e disse que contaria tudo quando voltassem. Entretanto, mesmo depois de 12 horas de interrogatório, ela continuou sem se entregar.
Nesse momento, entrou em cena o radialista Saulo: com autorização para fazer uma entrevista com a jovem, ele perguntou o motivo pelo qual ela havia cometido o crime. Para a surpresa de todos, ela respondeu: “Por que você está me perguntando isso? Quer saber? Eu só não matei a família toda porque não tive tempo”.
Depois de horas em silêncio, ela usou a oportunidade para contar em detalhes tudo que havia acontecido desde o seu o primeiro encontro com Antônio.

A menos de 2 km de distância, vivem Antônio e Nilza, que continuam casados e tiveram outros três filhos. A família cresceu ainda mais, com seis netos e dois bisnetos.
O matadouro virou praça e ganhou uma placa que lembra a tragédia. Até hoje, o túmulo de Tânia, no Cemitério de Inhaúma, recebe muitos presentes e homenagens de pessoas que acreditam que a menina virou santa.
REPERCUSSÃO NA MÍDIA
O a história do crime repercutiu no país inteiro, enchendo as páginas policiais de jornais e tablóides, principalmente do Estado do Rio de Janeiro.
FONTE(S): EXTRA / LINHA DIRETA / REDE GLOBO / MEMÓRIA BN / DÉCADA DE 50
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