Após
três anos suspensa, devido à pandemia do Covid-19, a tradicional Romaria de
Nossa Senhora d’Ajuda, saindo de Eunápolis até o Arraial d’Ajuda, em Porto
Seguro, será novamente realizada este ano. No dia 13 de agosto os romeiros vão
sair da Avenida Brilhante, no Bairro Dinah Borges, iniciando, às 05 da manhã,
uma caminhada de fé dura quase dois dias com paradas ao longo do percurso até
chegar ao Santuário da Santa onde é realizada uma grande missa e muitos
depositam os ex-votos.
A
diferença é que desde o dia 16 de dezembro de 2021, a Romaria de Nossa Senhora
d’Ajuda passou a ser Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do município de
Eunápolis. A prefeita Cordélia Torres (UB) sancionou a Lei de número 1293/2021,
aprovada na Câmara de Vereadores de Eunápolis.
Rota
de fé de milhares de romeiros que saiam principalmente de Minas Gerais e Norte
do Espírito Santo, passando pelo antigo território de Eunápolis até chegar ao
Santuário, no dia 15 de agosto, a celebração tornou-se símbolo não apenas
religioso, mas também de persistência, de mobilização e de valor histórico,
tradicional e social, merecendo o reconhecimento público do Poder Legislativo e
do Executivo à altura das grandes celebrações bem como a garantia de sua
proteção (veja documento abaixo).
Segundo
o presidente da Câmara de Vereadores de Eunápolis, Jorge Maécio
(Progressistas), que encampou o projeto da jornalista e historiadora Rose Marie
Galvão, assessora de comunicação do Legislativo local, “a medida tem o objetivo
de valorizar a cultura e a religiosidade do município”.
“É
com grande alegria que recepcionamos o projeto que virou lei, após a sanção da
prefeita, porque a Romaria de Nossa Senhora d’Ajuda faz parte da vida de
milhares de eunapolitanos e brasileiros. Ela perpassa uma religião ou credo,
porque é algo cultural. E nós, na condição de representantes do povo, temos
esse compromisso de continuar incentivando a cultura e valorizando a nossa
história”. Comentou.
PRIMEIRO SANTUÁRIO DO BRASIL
O
Santuário de Nossa Senhora d’Ajuda é o primeiro centro de romaria do Brasil e
marco histórico da evangelização no Brasil ocorrida na Costa do Descobrimento.
Dom José Edson de Santana, Bispo da Diocese de Eunápolis, ao festejar a
iniciativa que reconhece a romaria com patrimônio imaterial do município,
assinala que os jesuítas chegaram ao Brasil em 31 de março de 1549 com o
primeiro governador, Tomé de Souza e em 15 de setembro daquele ano os padres já
estavam habitando a região.
“Naquela
montanha do Arraial d’Ajuda os jesuítas começaram a construir a primeira ermida
que desde o início foi chamada de Santuário, dentro do qual surgiu uma água
milagrosa que tinha fama de curar doenças. Como não havia médico ou hospital
para recorrer, pela fé recorriam àquela água cuja fama de poder foi se
espalhando pelas curas milagrosas atribuídas a Nossa Senhora sob de título de
d’Ajuda”.
FONTE MILAGROSA
As
romarias surgem quando as pessoas começaram a ser atraídas pela notícia de uma
água milagrosa, conforme relata o Bispo.
Ora,
na ocasião, a Capitania de Porto Seguro, que muito prosperava, atingia o Norte
de Minas Gerais e também, em linha reta, chegava até o território onde hoje é o
estado de Góias, onde se localiza a capital federal (Brasília) de onde
começaram a chegar os peregrinos. Eles vinham em romaria (grupos) a pé ou a
cavalo.
De
outras regiões vinham pela costa litorânea, aproveitando a maré baixa. Outros
grupos chegavam por rotas margeando os rios, a exemplo do Rio Buranhém, que
nasce em Minas Gerais, atravessa o território de Eunápolis até desaguar em
Arraial d’Ajuda.
Segundo
Dom Edson, “esses que visitavam o santuário receberam o nome de romeiros,
caminhando muitos quilômetros, como ainda fazem nos dias atuais”.
CULTURA E ECONOMIA
Para
o religioso, a Festa de Nossa Senhora d’Ajuda, no dia 15 de agosto, permanece
na memória do povo e a presença dos romeiros, segundo ele, “foi responsável
pela formação de centros históricos e culturais não só em Arraial d’Ajuda, mas
em outras paragens, como em Eunápolis, numa demonstração de que além do
trabalho de evangelização, há também uma dimensão econômica em tudo isso”.
Salienta.
No
dizer do Bispo Dom José Edson de Santana, a romaria, levando jovens, adultos,
idosos, deficientes, arrasta com ela a beleza da confraternização; da
fraternidade e da partilha. “É um testemunho bonito. E, igualmente, este gesto
da Câmara de Vereadores, de olhar com olhar histórico, registrar para que não
se perca na história, é um gesto bonito, que fica não só nos anais da Câmara,
mas que fica na memória do povo, para não perderem a memória das suas tradições
religiosas e culturais”.
“Esperávamos
sim, que com esses já 470 anos de caminhada, a romaria fosse reconhecida como o
foi em Porto Seguro e agora em Eunápolis. Mas ainda esperamos outros
incentivos. Um povo que não guarda a memória dos seus antepassados não vive o
presente com alegria e nem deixará um futuro para os que virão. Assim sendo,
este registro da romaria de Eunápolis como Patrimônio Imaterial é para dizer
aos de hoje: nós somos herdeiros dessas histórias bonitas e queremos mantê-la
para os que virão depois de nós.” Pontua.
Meus parabéns a Rose Marie que teve a iniciativa; meus parabéns a Câmara de Vereadores que teve este acolhimento e veio a analisar e aprovar; e meus parabéns à senhora prefeita que sancionou e que Deus abençoe e que Nossa Senhora, mãe de Jesus interceda e nos transforme sempre em homens e mulheres melhores para sermos sinais da bondade, da justiça e da verdade em nossa sociedade. Completou o Bispo.
(Por Rose Marie).
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